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Caso Skripal. Expulsar diplomatas? Decisão do Governo "está em curso"

A decisão do Governo português sobre o "caso Skripal" está "em curso" e rege-se pela defesa dos interesses "nacional, europeu e da Aliança Atlântica", mas também pela "autonomia, prudência e firmeza", disse à Lusa o ministro dos Negócios Estrangeiros.

Caso Skripal. Expulsar diplomatas? Decisão do Governo "está em curso"
Notícias ao Minuto

13:26 - 27/03/18 por Lusa

País Santos Silva

"A medida que em cada momento se revelar mais conforme aos interesses nacionais portugueses, aos interesses europeus e aos interesses da Aliança Atlântica, essa será a medida que nós tomaremos, porque são esses os três critérios: o nosso interesse nacional, enquanto país que fala com toda a gente no mundo e que tem uma enorme facilidade de contacto com todas as grandes regiões do mundo, e os interesses europeu e da Aliança Atlântica", afirmou hoje, em declarações à Lusa, Augusto Santos Silva.

Assim, as medidas que o Governo português decidir "sem precipitação, com autonomia, com prudência, mas também com firmeza", sublinhou o governante, "são as que melhor respondam a estes três critérios", acrescentou.

Os Estados Unidos e cerca de vinte outros países, entre os quais 16 da União Europeia (UE), anunciaram a expulsão, no conjunto, de quase uma centena de diplomatas russos dos seus territórios, em apoio ao Reino Unido.  A Irlanda é o mais recente país a anunciar medida idêntica, numa altura em que a imprensa russa já denuncia uma nova Guerra Fria. 

Na semana passada, Londres expulsou 23 funcionários russos como represália pelo alegado envenenamento com um gás neurotóxico do ex-espião russo Sergei Skripal e da sua filha, em Salisbury (sudoeste de Inglaterra), a 4 de março.

Em comunicado, o Governo português afirmou esta segunda-feira tomar "boa nota" da decisão concertada por vários Estados-membros da EU, mas defendeu que a "a concertação no quadro da União Europeia é o instrumento mais eficaz para responder à gravidade da situação presente".

"Portugal acredita que o instrumento mais importante para reagir à altura da gravidade desta situação é o instrumento multilateral, quer no quadro da União Europeia quer no quadro da NATO, e assim temos procedido nas reuniões que têm havido", reiterou hoje o chefe da diplomacia portuguesa.

O processo, salientou, "está em curso" e a política externa portuguesa tem a "posição prudente e aberta que a caracteriza".

"Nós não ignoramos as nossas responsabilidades face aos nossos aliados, não ignoramos a nossa responsabilidade particular face ao Reino Unido -- desde o início que manifestámos a mais profunda solidariedade -- e temos em atenção também o que é que os diferentes Estados-membros vão fazendo", comentou.

O ministro dos Negócios Estrangeiros português referiu que a decisão de mais de metade dos membros da UE de expulsarem funcionários russos é tomada "em consideração" por Lisboa por se tratar de "um elemento muito importante" para o Governo "formar a [sua] própria decisão, que há de ser tomada".

Portugal, acrescentou Santos Silva, quer manter a sua "característica capacidade de procurar nunca quebrar pontes, de manter sempre uma ligação, porque é nessa lógica multilateral em que mais se revê, na procura de ir enfrentando os problemas e as ameaças e ir convencendo os interlocutores que uma ordem internacional baseada em regras e conforme ao direito internacional e o cumprimento do direito é a melhor garantia de paz e de segurança no mundo de hoje".

Questionado sobre críticas à posição portuguesa, nomeadamente por se demarcar das decisões de aliados tradicionais como o Reino Unido e os Estados Unidos, Santos Silva negou que haja um "desalinhamento".

"Os EUA e o Reino Unido sabem bem quão confiável é Portugal enquanto aliado. Conhecem também as características da política externa portuguesa e sabem que a sua insistência no quadro multilateral e na ideia de que em nenhuma circunstância se deve perder a esperança de manter formas de comunicação que permitam convencer os interlocutores da vantagem de seguir a lei e o direito os ajuda também a eles", salientou.

O ministro destacou que cada Estado-membro "é soberano no ponto de vista bilateral", referindo que Portugal respeita as decisões dos restantes países, quer os que decidiram expulsar quer os que optaram por não o fazer.

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