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Portugal Fashion: Criadores de moda solidários com greve no setor têxtil

Os criadores portugueses que estão a apresentar as novas coleções no Portugal Fashion, no Porto, estão solidários para com os trabalhadores da indústria têxtil e do vestuário que fizeram hoje greve para reclamar a "humanização do trabalho".

Portugal Fashion: Criadores de moda solidários com greve no setor têxtil
Notícias ao Minuto

23:46 - 23/03/18 por Lusa

País Porto

Os trabalhadores da indústria têxtil e do vestuário estiveram hoje em greve para reclamar a "humanização do trabalho" e um aumento do salário mínimo setorial para os 600 euros.

Segundo a Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores Têxteis, Lanifícios, Vestuário, Calçado e Peles de Portugal (FESETE), o objetivo da paralisação é "denunciar e protestar" contra "o boicote do patronato à negociação de novos salários para 2018" e "a pretensão de manter o roubo de direitos contratuais".

Em declarações à Lusa, a 'designer' de moda Anabela Baldaque disse que se trata de setor que tem de ser "pago quase a peso de ouro", porque as peças de moda demoram "muito tempo a ser confecionadas, a ser trabalhadas"

"Talvez também estamos num período em que se faz menos mão-de-obra qualificada para fazer este tipo de peças, portanto, se calhar faz sentido pensar um pouco nisto, faz sentido olharmos com outros olhos, de facto, não pode ser um ordenado muito baixo. Com certeza que não", acrescenta a criadora, que celebra este ano 32 anos de carreira.

Anabela Baldaque refere que tem de haver um "dueto bastante bem conjugado", porque há que ter atenção tanto o valor comercial de venda ao público para que os produtos não fiquem na prateleira, sem perder qualidade.

Júlio Torcato também se solidarizou com a greve no setor do vestuário, afirmando à Lusa que se trata de um problema futuro em Portugal.

Segundo aquele 'designer', o problema do nível de salários que se praticam na indústria têxtil "vai ser um problema a médio prazo".

A indústria têxtil é uma indústria de mão-de-obra intensiva, ou seja, a mão-de-obra é praticamente fundamental na confeção (...). O salário é baixo. Tudo isso também se vai refletir no preço final, porque a cadeia é longa, ou seja, há muitos interveniente ao longo do processo", referiu, acrescentando um outro problema no setor que é o envelhecimento.

Luís Buchinho também apoiou a greve no setor têxtil. "Acho que fazem muito bem. Eu acho que nós dispomos de material cá e de mão-de-obra de pessoas extraordinárias que obviamente têm de ser mais recompensadas. É um trabalho extremamente duro, não é um trabalho estimulante, que merece ser recompensado de uma maneira mais carinhosa".

A celebrar este ano 30 anos de carreira, o 'designer' Miguel Vieira também se solidarizou trabalhadores da indústria têxtil e do vestuário que fizeram hoje greve para reclamar a "humanização do trabalho".

"Eu acho que as pessoas devem lutar sempre pelos melhores ordenados em qualquer área que seja e, sobretudo, quando são mãos-de-obra qualificados, muito mais. Eu preciso de muita mão-de-obra qualificada, aliás se nós tivermos essa mão-de-obra qualificada conseguimos evoluir".

Em declarações à Lusa, Estelita Mendonça demonstrou também estar "totalmente a favor" da greve e das reivindicações. "Cada vez mais acho super importante que tenhamos este tipo de energia social a acontecer em Portugal".

Em declarações à Lusa, Hugo Costa referiu, por seu turno, que a "greve é um direito que toda a gente tem", e apoiou também a greve dos trabalhadores do setor têxtil.

"Quando os funcionários da Autoeuropa fazem greve e têm condições extraordinárias, e estamos a falar de 50 euros de mão-de-obra num setor que precisa de ser qualificado, que precisa de qualificação, de formação ainda, estamos a falar de trocos e essas pessoas precisam, faz-lhes falta ao fim do mês. O têxtil precisa de qualidade, é a qualidade que vai salvar este país", conclui o 'designer' de moda Hugo Costa.

Entre as exigências dos grevistas está um salário mínimo setorial de 600 euros, um subsídio de alimentação diário de quatro euros, "mais e melhores condições de trabalho" e o combate ao "assédio moral", às "doenças profissionais e psicossociais" e à "exploração e empobrecimento".

Reclamam ainda a defesa do "direito constitucional de livre negociação coletiva", assim como a "revogação do Código de Trabalho da norma da caducidade" (dos contratos coletivos), a reintrodução da norma do "tratamento mais favorável para o trabalhador" e a garantia das funções sociais do Estado.

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