Estuário do Tejo está a caminhar para ser uma zona balnear

Há 50 anos parecia impossível, hoje começa a tornar-se realidade. O fim da indústria pesada na margem sul do Tejo e o tratamento dos esgotos melhoraram a qualidade da água, e estão a transformar o estuário numa zona balnear.

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Lusa
11/08/2013 08:11 ‧ 11/08/2013 por Lusa

País

Margem Sul

Carla Graça, da associação ambientalista Quercus, estima, contudo, que será preciso, pelo menos, uma década até que as praias na margem Sul do estuário do Tejo - em Almada, no Seixal, no Barreiro, na Moita, no Montijo, em Alcochete - sejam uma realidade. E isso, alerta, acontecerá apenas se o ritmo atual de recuperação do estuário se mantiver.

Em última instância, tudo depende "do plano de desenvolvimento para a região nos próximos anos". Nomeadamente, da decisão sobre a transferência do terminal de contentores de Lisboa para a Trafaria, em Almada, que "pode ter um grande impacto negativo na qualidade da água e de toda a zona balnear a sul do Tejo".

E pode parar o caminho que trouxe o informático Artur Mendes, de 41 anos, a revisitar, com a filha, Ana, de cinco, memórias de infância na praia da Ponta dos Corvos, no concelho do Seixal, a primeira do estuário do Tejo a ser classificada pela Agência Portuguesa do Ambiente como zona balnear, em maio deste ano.

 

"Vim apresentar a praia à minha filha. Quando era mais novo, andei aqui uns anos a nadar. Depois, porque cresci, e devido à má qualidade da água, deixei de vir", contou à Lusa.

A água do "mar da palha" que tinha na memória era mais suja do que aquela onde a pequena Ana molhou os pés, mesmo com a maré vazia, mas a areia, diz o pai, não está mais limpa. É preciso "melhorar a higiene, os apoios de praia -- casas de banho, duches --, as acessibilidades e a segurança". Esta não é uma praia vigiada.

As praias do estuário do Tejo, considera Carla Fonseca, "estão no bom caminho", fizeram um progresso significativo com o fim das indústrias pesadas e com o tratamento dos esgotos nas duas margens do rio, mas estão "ainda bastante longe de uma bandeira azul". Longe é o caminho entre uma água de qualidade "razoável" e "excelente".

As autarquias "estão sensibilizadas para a valorização das frentes ribeirinhas", mas a classificação que a Ponta dos Corvos recebeu quer apenas dizer que esta "é uma praia aconselhável em termos de qualidade da água".

A partir daqui "há todo um conjunto de requisitos", como "a qualidade das areias, das infraestruturas, ou o apoio salva-vidas". Para além disso, "as pessoas decidem o que acham que é necessário para a sua prática balnear", acrescentou.

Ou, no caso da família Viegas, fazem o que podem com o que têm. José, de 54 anos, e Filomena, de 52, estão desempregados e vivem no Laranjeiro, em Almada. São assíduos desta praia desde a infância. Aqui podem "fazer férias económicas", explica a mulher.

"Temos o pinhal e água. Podemos trazer peixe para assar. Cozinha-se aqui e vai-se dormir a casa. Agora viemos de motorizada, mas pode vir-se a pé. É puxado mas faz-se bem", contou à Lusa. A praia, disse, está melhor do que a dos seus tempos de garota, "sobretudo no que respeita a limpeza". Filomena Viegas acrescentou que o espaço a convence também "porque não há dinheiro para ir para outros sítios".

O marido, José, acha que a Praia dos Tesos, como a Ponta dos Corvos também é conhecida, tem melhores argumentos do que esse. Ele gosta de tudo aqui. Só lamenta a poeira do caminho e que não haja um nadador-salvador. Mas mesmo que não possa fazer-se nada em relação ao piso, em relação à vigilância os banhistas estão alerta e, garante, ajudam-se em situações de emergência.

 

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