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Celeste Amaro garante que nunca quis criticar grupos com apoio do Estado

A diretora regional de Cultura do Centro, numa reação às críticas às suas declarações, em que elogiou uma companhia teatral por "não incomodar" com pedidos de apoio, afirmou hoje que não quis criticar os grupos apoiados pelo Estado.

Celeste Amaro garante que nunca quis criticar grupos com apoio do Estado
Notícias ao Minuto

20:00 - 08/03/18 por Lusa

País Diretores

Num comunicado enviado à agência Lusa, a diretora regional de Cultura do Centro, Celeste Amaro, afirma que, "em circunstância alguma", quis "pôr em causa o trabalho desenvolvido por todos os profissionais de teatro, independentemente das formas que encontram para financiar a sua atividade".

Em causa, estão as declarações que Celeste Amaro fez, na apresentação da programação da companhia Leirena Teatro, em Leiria, em que elogiou o grupo por não ter pedido apoio do Estado, tendo já motivado um requerimento do Bloco de Esquerda ao Ministério da Cultura, e uma exigência de demissão por parte de vários artistas da região.

"Como é possível? Ainda por cima na área do teatro! Foi algo que me tocou bastante. É uma lição de como um grupo de teatro profissional, com três atores, que se dedica de corpo e alma ao seu trabalho, vive sem pedir dinheiro, não incomoda a administração central", disse então Celeste Amaro, na passada sexta-feira.

Questionada pela agência Lusa sobre se iria pôr o cargo à disposição ou demitir-se, a diretora regional da Cultura do Centro recusou-se a fazer qualquer declaração, remetendo para o comunicado.

No documento, Celeste Amaro explica que quis "valorizar a forma" como o grupo Leirena Teatro "tem desenvolvido a sua atividade, sem necessitar de qualquer apoio financeiro da Administração Central, ao longo dos seus quase sete anos de existência".

"Destacar este modo de trabalho com a envolvência da comunidade, é sempre importante, sem que tal atitude ponha em causa quaisquer outras formas de financiamento", afirma.

De acordo com o comunicado, tem sido "sempre apanágio" da atual direção regional "cooperar com todas as estruturas profissionais de teatro da região Centro, mesmo em anos de maior aperto financeiro".

No entanto, frisa que é "justo" destacar "o contributo da administração local e, algumas vezes, da economia privada" no domínio da cultura, bem como valorizar aqueles "que encontram novas formas" para desenvolverem a sua atividade.

"Elogiar uns nunca é criticar outros", conclui Celeste Amaro.

O Manifesto em Defesa da Cultura e vários artistas lançaram, entretanto, uma petição pública, em que exigem a demissão de Celeste Amaro.

Na petição, dirigida ao ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, os subscritores "repudiam as declarações da diretora regional da Cultura e afirmam que, em face da atitude que elas revelam, Celeste Amaro não tem condições para continuar no cargo".

Na petição pública agora lançada estão, entre os primeiros subscritores, o poeta e ex-diretor do Teatro Municipal da Guarda Américo Rodrigues, o diretor da companhia de Coimbra Escola da Noite, António Augusto Barros, o realizador António Ferreira, o diretor do Teatro Académico de Gil Vicente, Fernando Matos de Oliveira, a diretora do Teatrão, Isabel Craveiro, a ilustradora Ana Biscaia, a coreógrafa Leonor Barata, o encenador e ator Ricardo Correia e o docente da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra Rui Bebiano.

A subscrever a petição, estão também a professora coordenadora da Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa, Eugénia Vasques, a dramaturga Patrícia Portela, a jornalista Diana Andringa, a atriz Joana Manuel e o dramaturgo Jacinto Lucas Pires, entre outros.

Apesar de a companhia Leirena ter sido elogiada por prescindir de apoios, o diretor do grupo, Frédéric da Cruz Pires, anunciou na quarta-feira, em comunicado, que vai apresentar uma candidatura para obtenção de financiamento da Direção-Geral das Artes (DGArtes).

Frédéric da Cruz Pires admitiu "inúmeras dificuldades" para prosseguir a atividade e garantiu uma candidatura ao próximo quadro de apoios públicos.

No comunicado, o diretor da companhia explica que não convidou Celeste Amaro para mostrar ter feito programação "sem subsídios" nem para se "comparar a nenhuma outra estrutura", antes como "desespero de causa", para dar a conhecer a programação para 2018 e mostrar as dificuldades que levaram à redução do elenco de sete para três atores, no último ano.

O grupo existe há sete anos e trabalha num antigo centro comercial de Leiria cedido por particulares, num espaço com salas onde chove.

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