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"Era como se soubesse que a minha melhor canção não ia e estava guardada"

Isaura, compositora da música 'Jardim', falou com o Notícias ao Minuto sobre a sua música, sobre o Festival da Canção, sobre o legado de Salvador Sobral e até sobre a desistência de Diogo Piçarra.

"Era como se soubesse que a minha melhor canção não ia e estava guardada"
Notícias ao Minuto

07:43 - 04/03/18 por Inês André de Figueiredo

País Isaura

�Jardim’ subiu aos palcos da segunda semifinal do Festival da Canção, na voz de Cláudia Pascoal e composta por Isaura. A emoção do tema sentiu-se do palco à plateia, numa letra que recorda a avó da artista e que dificilmente deixa alguém indiferente.

Após a desistência de Diogo Piçarra, ‘Jardim’ passou a ser a canção mais votada para passar à final, que hoje se realiza na cidade de Guimarães.

Em conversa com o Notícias ao Minuto, a compositora Isaura recorda que foi um processo difícil encontrar a voz perfeita para passar a mensagem de uma canção tão pessoal. Aliás, ‘Jardim’ esteve para nem ir ao festival.

Isaura conta que fez uma canção que não achou ser a certa e seguiram-se mais duas, no mesmo dia, ‘Jardim’ era uma delas, mas a compositora acabou por escolher a terceira. O difícil foi escolher a voz. O desespero já se apoderava da artista e ser ela mesma a cantar começava a ser uma opção.

“Até que fui a um almoço de família e a minha prima disse-me ‘tens de ouvir esta rapariga, que é a Cláudia, ela está num programa e vais gostar’. Quando ouvi a voz pensei: ‘é esta voz, é esta pessoa, é isto’. Mandei-lhe logo uma mensagem no Facebook e em cinco minutos estava tratado”, recorda.

Encontrada a voz “frágil e doce” que procurava, foi altura de ir para o estúdio. Mas a consciência não estava totalmente descansada. “Era como se eu soubesse que a minha melhor canção não ia e estava guardada”. Foi então que a mostrou à Cláudia e ela “adorou”.

“Esta canção é um misto, ao mesmo tempo que é a saudade e o não estar, também é o reencontro. Diria que esta canção fala sobre sentir-se muito a ausência de uma pessoa, mas é como se em algum momento essa pessoa aparecesse para nos visitar”, diz Isaura, de coração aberto.

E sobre a emoção que fez Cláudia chorar no fim da canção, Isaura acredita que houve um “reencontro com alguém”, apesar de algumas pessoas dizerem que pode ser “postiço”, pois acontecia o mesmo no programa de talentos ‘The Voice’. “Do que conheço da Cláudia, ela é genuína. Não sei se deu força [à música], mas eu acreditei no que ela fez”, assegura, frisando que isso até a poderia ter prejudicado em termos técnicos.

Agora, para a final, as expectativas estão controladas, mas Isaura admite que gostaria muito de representar Portugal na Eurovisão. “É provavelmente a canção mais bonita que eu escrevi, dediquei-a e sinto que encontrei a pessoa certa para a cantar. Tudo o que podia ter feito, os ensaios e a entrega, não dava para ter feito melhor”, salvaguarda.

O legado de Salvador Sobral 

E, aconteça o que acontecer, o peso nos ombros pelo legado deixado é difícil de superar. “Não há mais nem melhor do que o Salvador e a Luísa fizeram, é uma enorme responsabilidade, temos um legado gigante. Mas isso são coisas que ponderei quando recebi o convite, nenhum compositor vai fazer uma canção ‘Amar pelos Dois’, mas senti que podia de alguma forma fazer uma canção de que eu gostasse e que me orgulhasse e que na Eurovisão podia trazer alguma coisa de novo e com o melhor resultado para Portugal”, diz a cantora.

Consciente de que “é muito difícil repetir” o feito conseguido no ano anterior, resolveu dar o seu contributo “e tentar desligar de qualquer influência do Salvador e da Luísa”. E quanto à final: “Estamos a jogar em casa, seja qual for a canção que nos represente vou estar a torcer e a aplaudir e quero o melhor resultado para Portugal”.

A desistência de Diogo Piçarra após acusações de plágio

Em relação ao que aconteceu com o colega de profissão Diogo Piçarra, que foi acusado de plágio e acabou por desistir do Festival da Canção, Isaura garante que acredita “piamente que o Diogo não conhecia aquilo [tema interpretado por um pastor da IURD]”. Aliás, ressalva, “conhecendo o Diogo como conheço, ele nunca se colocaria naquela posição, é um miúdo que está no auge da carreira neste momento, não faz sentido para mim”.

“Nenhum compositor conhece tudo o que existe e foi uma coincidência gigante, ele podia ter ouvido aquilo e ficou-lhe na cabeça e depois foi a ocasião em que lhe aconteceu, aparece com uma coisa que era muito próxima do que já existia, num concurso que tem um escrutínio gigante e onde as pessoas pesam muito essas coisas”, salienta a cantora, realçando que “as pessoas estão muito confusas sobre o que é ser parecido ou ser plágio". Até porque "as canções vão sempre soar a alguma coisa que conhecemos porque há referências e muita música que se ouve”.

No entanto, Isaura percebe a desistência, já que “não é objetivo do Diogo, ou de qualquer outro compositor ou interprete, causar algum ruído à volta de uma canção”.

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