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Casal do Porto trocou carreira para ajudar pais de crianças autistas

Um empreendedor social e orador internacional espanhol e uma licenciada em gestão de marketing portuguesa abandonaram em 2010 as carreiras profissionais para criarem, no Porto, uma associação para sensibilizar e dar ferramentas aos pais das crianças autistas.

Casal do Porto trocou carreira para ajudar pais de crianças autistas
Notícias ao Minuto

06:48 - 18/02/18 por Lusa

País Empreendedorismo

Joe Santos disse à agência Lusa que veio para Portugal em 2006 com o sonho "de criar uma empresa de comunicação, à beira-mar, num lugar quentinho", e a primeira oportunidade que surgiu foi em Cascais mas, quis o destino, que ao conhecer Susana Silva, mãe de duas meninas, uma delas autista, a sua vida acabasse por transferir-se para o Porto, onde fundaram a Associação Vencer o Autismo (AVA).

Confessando nunca antes ter tido contacto com o autismo, bem como "ficar um bocado assustado e sem saber o que fazer" quando se deparava com o autismo, Joe Santos mudou assim que conheceu a Cauí, a base de um projeto que "já chegou a milhares de pessoas" em Portugal, Brasil e na Europa, lê-se no site da associação.

Do hábito de gerir empresas, ter uma atividade internacional e fazer apresentações, o responsável admitiu ter retirado "a ajuda a vencer o autismo", algo que, testemunhou, "está a ter um grande impacto em muitas famílias".

Elegendo a comunicação em detrimento das tradicionais terapias feitas nas instituições, explicou que, quando "fala com milhares de pessoas, como é o caso, e elas levam algo mais de conhecimento para casa, estas tornam-se no motor de mudança em outras tantas crianças".

"No final, conseguimos muito mais mudança, ajudamos muito mais a comunicar do que num trabalho dirigido a três dúzias de crianças", sintetizou.

Sobre uma "perturbação que vai desde o severo ao de alto funcionamento, e que não é uma doença", Susana Silva explicou que o autismo "tem a ver com a dificuldade que jovens, crianças e adultos têm na interação e relação social" e que passa pela "dificuldade no contacto visual, aos muitos movimentos estereotipados e à dificuldade na comunicação verbal".

Sem "causa determinada nem indicador genético que o justifique, é por observação", vincou a fundadora da AVA, que o diagnóstico pessoal surge, "com os primeiros sinais a surgirem a partir dos 18 meses", mas com o diagnóstico médico "a não ocorrer antes dos quatro ou cinco anos".

Nos primeiros anos "suportada pelo investimento do casal", até verem o projeto Autismo Rocks! cofinanciado pelo Portugal 2020, a AVA mantém dois outros projetos na gaveta por falta de fundos: o Autismo Inclusão e o Autismo Integração.

"O Autismo Rocks! está a ser desenvolvido na Área Metropolitana do Porto e visa dar ferramentas a país, profissionais, terapeutas, e à população em geral, no sentido de melhor entenderem o autismo", explicou Susana Silva de uma inovação idealizada em julho de 2017 e que em janeiro de 2018 começou no terreno.

O projeto inclui ainda uma mentoria de três anos, dirigido a todos os que frequentem os 'workshops', e que faz com que, uma hora por mês, beneficiem do aconselhamento.

"Queremos retirar este estigma negativo do autismo e que a sociedade o passe a ver como algo natural e não como algo que tem de ficar à parte, ajudando estas crianças a atingir o máximo do seu potencial", disse.

Atualmente com 18 anos, Cauí "colabora na associação e tem sido uma aventura, pois está cada vez mais independente e autónoma", elogiou a mãe, falando de uma parceira muita ativa nas campanhas que a AVA promove na rede 'youtube', onde surge ao lado de Joe Santos em mensagens positivas.

Cauí Ferreira disse à Lusa que quer ser atriz de teatro e também que se sente "muito bem" com a sua participação no projeto.

"Para além de sentir que evoluí, sinto que também estou a ajudar muitas pessoas no mundo, muitas crianças a evoluírem, mostrando que têm capacidade para fazer tudo, como as pessoas normais", concluiu.

Presente numa das palestras promovidas pela AVA, Susana Bogas, mãe de uma criança autista de três anos, lamentou que se viva numa sociedade "muito fechada ao tema", que do Estado não venham "apoios suficientes" e que não surjam respostas das "instituições públicas".

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