Semáforos nutricionais? "O que há não é adequado, está comprovadíssimo"
O Notícias ao Minuto ouviu uma das responsáveis pelo estudo que assegura que é necessário mudar a forma dos rótulos nutricionais.
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País Carreira
No passado dia 9 de fevereiro, o Parlamento rejeitou a proposta dos ‘semáforos’ nutricionais e cancerígenos, mas aprovou uma recomendação ao Governo para que seja estudada uma forma de complementar a informação nutricional já existente.
Apesar da justificação utilizada pelos partidos que chumbaram a proposta, que acreditam que pode haver uma discriminação dos produtos portugueses no mercado único europeu, sabe-se agora que o assunto não será esquecido e que poderá ser encontrada uma forma de simplificar o acesso à informação nutricional.
Em declarações ao Notícias ao Minuto, Sandra Gomes, uma das responsáveis por um estudo feito para a DGS com a chancela da OMS, revelou alguns dos pontos fundamentais da pesquisa, ressalvando a importância extrema de haver mais facilidade em ler rótulos, principalmente para quem tem uma literacia mais baixa.
As mulheres, as pessoas com mais nível de escolaridade e com problemas de saúde são quem mais lê os rótulos nutricionais, sendo que há vários estudos que “confirmam a tendência de uma maior preocupação do consumidor com os produtos alimentares, não só a nível calórico”, assegura.
Enquanto “os jovens têm mais a perspetiva de ver as calorias, os adultos mais preocupados com as questões de saúde, com estilos de vida mais saudáveis, já se preocupam com o açúcar e outros nutrientes além de apenas informação relativamente às calorias”.
Para lá de perguntas subjetivas sobre o grau de compreensão de um rótulo, o estudo português foi mais longe, sendo o primeiro a ‘pôr à prova’ as respostas em causa, o que deu a entender que muitos percebiam menos do que o que assumiam.
Mas o que acham os portugueses que participaram no estudo? O tipo de letra, a importância de haver um sistema simbólico de cores na frente da embalagem e uma linguagem mais simplificada e harmonizada entre as várias marcas são pontos apontados como fundamentais.
E se, tendo em conta a pesquisa, o semáforo nutricional ou outro sistema equivalente poderia ser benéfico para toda a população, há setores da sociedade que sairiam verdadeiramente beneficiados com esta questão. “Ajudar as pessoas com menores níveis de escolaridade e com baixa literacia nutricional em primeira instância” é de grande relevância.
“O que existe atualmente que não é de todo adequado e está comprovadíssimo”, assegura a especialista, referindo que há casos preocupantes na sociedade portuguesa como acontece com o sal e o açúcar.
Hoje em dia, as famílias têm ainda uma preocupação com a alimentação infantil e em conseguir fornecer à criança os alimentos mais saudáveis e isso é uma tendência, segundo a especialista.
Sandra Gomes realça que, apesar da não existência dos tais ‘semáforos’, “tem havido algum esforço de entidades a fazer isso”. Mas não chega, “é preciso mais”. “É preciso uma campanha nacional de políticas públicas e marketing social a sério de literacia nutricional, para melhorar a literacia na população portuguesa onde é muito fraca”.
“Tem de se trabalhar a área de conhecimento mas também no ponto de venda, as marcas têm um papel importante porque não é só o Estado que tem esse dever. A população tem esse desconhecimento porque ainda não há uma estratégia concertada de educação para a literacia nutricional”, remata a profissional.
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