Se Pedro Dias falasse no início, "depoimentos a seguir seriam alterados"
Os advogados de defesa de Pedro Dias comentaram hoje o caso na véspera das alegações finais.
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País Defesa
O Ministério Público pediu hoje a pena máxima de 25 anos de cadeia para Pedro Dias, que está acusado de vários crimes cometidos em Aguiar da Beira. O mesmo Ministério Público considerou incoerente e inconsistente a versão que este apresentou em tribunal.
Esta manhã, Pedro Dias confessou ter disparado sobre dois agentes da GNR (Carlos Caetano, que morreu, e António Ferreira, que ficou ferido), na madrugada de 11 de outubro de 2016. No entanto, rejeitou responsabilidades nas mortes de dois civis no caso que antecedeu a sua longa e mediática fuga que durou semanas.
Mónica Quintela e Rui da Silva Leal, advogados de Pedro Dias, falaram esta noite de quinta-feira na antena da SIC Notícias.
“Pedro Dias referiu hoje em tribunal a versão que nos contou sempre, desde o princípio”, realçou Mónica Quintela, que realçou que este é um “processo complicado, que tem tido um mediatismo muito grande”.
“Não há qualquer inconsistência entre o que Pedro Dias relatou e os factos que constam no processo”, afirmou.
Rui da Silva Leal acrescentou que a versão de Pedro Dias “pode ser adjetivada pela acusação e pelo Ministério Público como bem entenderem. O que nós queremos ver é ‘destruir’ a versão que o arguido hoje apresentou. Isso é que é fundamental”.
“Daquilo que nos é dado ver”, acrescentou o advogado, “o que o arguido hoje disse é perfeitamente consistente e compatível com o que consta do processo”.
Questionado sobre o porquê de falar, diz o advogado que “sempre que o processo está em segredo de Justiça, nós, advogados, nunca permitimos que o arguido preste qualquer depoimento”. Questionado sobre se Pedro Dias não poderia ter dado a sua versão no início do julgamento, o advogado realçou que o arguido pode “falar no início do julgamento, como pode falar a meio, como pode falar no fim”.
“Estamos a falar de um caso com contornos muito especiais, em que há militares que são ofendidos, e nós temos que ter todo o cuidado, porque não andamos nisto há dois dias. Temos de ter todo o cuidado com o que o arguido vai dizer. Se o arguido tem prestado depoimento no início, não tenham a menor dúvida que os depoimentos que viriam a seguir, muitos deles seriam também alterados”, afirmou ainda Rui da Silva Leal.
"O que consta na acusação, e é importante que se perceba isto, não tem nenhuma explicação. A acusação não tem qualquer móbil", apontou ainda Mónica Quitnela, defendendo que esta ausência de móbil "não é consentânea com as regras da experiência comum".
Pedro Dias está acusado de três crimes de homicídio qualificado sob a forma consumada, três crimes de homicídio qualificado sob a forma tentada, três crimes de sequestro, crimes de roubo de automóveis, de armas da GNR e de quantias em dinheiro, bem como de detenção, uso e porte de armas proibidas.
O julgamento prossegue na sexta-feira de manhã, com as alegações dos restantes assistentes no processo e da defesa de Pedro Dias.
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