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Presidente destaca três momentos em que teve de "exercer a autoridade"

O Presidente da República considerou hoje que os seus quase dois anos de mandato foram "muito estáveis", mas destacou três momentos em que, disse, teve de "exercer a autoridade" para evitar incompreensão social face ao poder.

Presidente destaca três momentos em que teve de "exercer a autoridade"
Notícias ao Minuto

14:43 - 24/01/18 por Lusa

País Dois anos mandato

Durante uma conversa com alunos da Escola Secundária de Camarate, no concelho de Loures, no dia em que se completam dois anos da sua eleição, o chefe de Estado salientou a sua intervenção "quando houve um problema com a Caixa Geral de Depósitos (CGD)", a sua atuação na sequência dos incêndios de 2017 e o veto recente às alterações à lei do financiamento dos partidos.

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, estas foram três "situações excecionais", em que "é preciso, entre aspas, exercer a autoridade naquilo que se diz".

"São situações extremas, se virem bem, porque o Presidente, de facto, tem de ser muito cumpridor em relação aos seus poderes. Eu sou professor de direito constitucional. Mais: eu votei a Constituição, portanto, tenho a obrigação de conhecer bem a Constituição", afirmou, acrescentando: "ou muito cuidadoso em relação a isso".

Marcelo Rebelo de Sousa descreveu-se como um Presidente da República extrovertido e afetivo, com presença constante junto dos cidadãos, admitindo que se "expõe muito", mas rejeitou que isso lhe retire "autoridade nos momentos cruciais".

"Não tira, nos momentos em que é preciso, e houve para aí três ou quatro, em que eu tive de ser, não direi menos afetivo - foi feito também com afeto, embora as pessoas achassem que não era visível o afeto naquele momento", sustentou.

Em relação ao "problema com a CGD", que não nomeou, o chefe de Estado disse que teve de "dizer o que pensava sobre a matéria num determinado momento", porque sentiu "que havia gente de mais que estava a descolar dos que tinham de decidir".

"Não estavam a perceber o que se estava a passar. Eu senti que tinha de dizer em voz alta aquilo que as pessoas pensavam em voz baixa", justificou.

Quanto aos incêndios de 2017, declarou: "Depois das tragédias vividas, houve ali um momento em que eu senti que tinha de fazer exatamente o mesmo, que não era contra nada, nem ninguém. Era só para ter a certeza que não havia riscos de descolagem excessiva entre o que estava na cabeça das pessoas e a imagem que faziam sobre o poder - que, aliás, a meu ver, era injusta".

Relativamente ao veto ao diploma do parlamento com alterações ao financiamento dos partidos, que tinha sido aprovado por PSD, PS, BE, PCP e PEV, Marcelo Rebelo de Sousa alegou ter sido "o mais comedido possível", atuando num contexto em que "já se debatia tudo e ninguém percebia nada do que estava a ser debatido" e "começava a ser perigoso".

"Eu não discuti as soluções, até porque a minha opinião é ultraminoritária, e eu aceito que a maioria tenha opiniões diferentes. Eu apenas pedi o seguinte: não se importam de dizer duas palavras, por escrito ou orais, para explicar o que se passou, só", frisou.

De acordo com o Presidente da República, o seu veto "até foi bom", porque "houve oportunidade para haver uma explicação que não tinha havido, por razões de celeridade de procedimento".

À saída da escola secundária, Marcelo Rebelo de Sousa retomou o tema, em resposta aos jornalistas, argumentando que "há momentos em que é preciso furar um balão e esse balão é haver, em geral, na sociedade portuguesa, uma sensação de desconforto ou de incompreensão perante determinada realidade importante".

"Isso não aconteceu, felizmente, muitas vezes. Têm sido dois anos muito estáveis politicamente, muito estáveis económica e financeiramente, e mesmo em termos sociais", acrescentou, reafirmando que sabe quais são os seus poderes constitucionais e que se cinge a eles.

Marcelo Rebelo de Sousa escusou-se a qualificar o seu mandato, deixando esse papel aos comentadores: "São os comentadores que me comentam, não sou eu que me comento. Depois, um dia, haverá um historiador que, numa nota de pé de página, escolhe um qualificativo sobre mim".

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