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Estudantes de Pombal viajam de comboio até Auschwitz

Uma professora do ensino secundário de Pombal organiza pela terceira vez o 'Comboio da Memória', uma visita de estudo ao campo de extermínio alemão nazi de Auschwitz, construído na Polónia durante a ocupação alemã, por considerar que o Holocausto é ainda um assunto pouco abordado nas escolas portuguesas.

Estudantes de Pombal viajam de comboio até Auschwitz
Notícias ao Minuto

11:24 - 22/01/18 por Lusa

País Escolas

"Ainda estamos muito longe da aprendizagem plena porque este assunto não é aprofundado. [No ensino] é abordada a II Guerra Mundial, mas a temática do Holocausto não é aprofundada. É importante para os alunos estudarem o assunto porque é uma questão que não está completamente sanada e basta olhar à nossa volta", disse à Lusa Isabel Vicente, professora de Português do Agrupamento de Escolas de Pombal.

A professora entende que a temática do Holocausto dos judeus é transversal a todas as disciplinais e que a aprendizagem sobre o genocídio dos judeus pelo regime da Alemanha nazi é fundamental para se perceber a humanidade.

O regime nazi provocou a morte a mais de seis milhões de judeus, desde o início das perseguições na Alemanha em 1933 até ao final da II Guerra Mundial, em 1945.

A "Solução Final" pôs em prática, pela Alemanha nazi, o processo de extermínio de judeus e ciganos da Europa.

"Há muito tempo que esta temática me desperta a necessidade de perceber porque é que os seres humanos foram capazes de fazer tais coisas a outros seres humanos", disse a professora de Pombal que organiza em 2018 a terceira viagem de comboio, com alunos, aos campos de extermínio, na Polónia.

Este ano, 25 alunos do 11.º e 12.º ano do Agrupamento de Escolas de Pombal e seis estudantes do secundário de Carregal do Sal viajam de comboio até Auschwitz, com paragens em Paris e Berlim.

A viagem de estudo "O Comboio da Memória" começa no dia 23 de março e prolonga-se durante 12 dias estando programada uma visita ao Memorial da Shoah, em Paris, dedicado à História dos judeus durante a II Guerra Mundial (1939-1945).

Em Auschwitz e Birkenau, na Polónia, os estudantes vão cumprir a "Marcha da Paz" e vão visitar também o Bairro Judeu de Cracóvia.

"O momento mais marcante é Birkenau. Em termos de aprendizagem os alunos vêm diferentes. Eles entram nos campos mudos e saem calados e começam a olhar para as coisas de forma diferente", sublinha Isabel Vicente.

No regresso da Polónia, a professora prevê uma paragem em Berlim para que os estudantes possam visitar o Museu em Memória dos Judeus e as Portas de Brandenburgo.

Em 2013, Isabel Vicente recebeu do centro de formação de professores a possibilidade de se deslocar ao Memorial e Centro de Estudos Yad Vashem, em Israel, que organiza todos os anos cursos para professores estrangeiros, incluindo portugueses.

"No Yad Vashem tive contacto com sobreviventes, aprendi muito e saí de lá com a necessidade de fazer alguma coisa. Daí saiu o projeto 'Comboio da Memória'", recorda a professora.

Ao longo do ano letivo, o Agrupamento de Escolas de Pombal organiza também investigações sobre a temática do Holocausto, palestras, apresentação de livros, ciclos de cinema e tertúlias.

No próximo sábado assinala-se a libertação de Auschwitz pelo Exército Vermelho.

Em janeiro de 1945, com o avanço das forças soviéticas, 58 mil prisioneiros são obrigados a abandonar o complexo de extermínio de Auschwitz, construído pela Alemanha nazi, em direção a ocidente nas "Marchas da Morte" onde morreram milhares de pessoas.

Nove mil prisioneiros doentes e incapazes de andar permaneceram em Auschwitz.

Entre os dias 20 e 26 de janeiro de 1945 os fornos crematórios onde eram destruídos os cadáveres foram dinamitados pelos soldados alemães.

A última tatuagem feita num prisioneiro tem o número 202 499.

Recentemente, historiadores em Portugal revelaram que centenas de portugueses foram vítimas de trabalhos forçados pelo regime nazi.

A investigação da equipa internacional do Instituto de História Contemporânea da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, sob a direção do historiador Fernando Rosas detetou também casos de prisioneiros políticos que envolvem portugueses.

Em virtude da investigação, o Estado português através do ministro dos Negócios Estrangeiros, descerrou, em maio de 2017, no antigo campo de concentração de Mauthausen, na Áustria, uma placa em homenagem aos portugueses que foram vítimas da perseguição nazi.

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