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Clube e Câmara sabiam que terreno era instável? A acusação e a defesa

João Sande e Castro, antigo vereador da Câmara Municipal de Cascais, veio a público falar sobre a bancada do Estoril, garantindo que já se sabia que o terreno não era propício à construção. A Câmara defende-se, assegurando que o projeto foi analisado e que são feitas as devidas vistorias.

Clube e Câmara sabiam que terreno era instável? A acusação e a defesa
Notícias ao Minuto

08:00 - 17/01/18 por Inês André de Figueiredo

País Bancada Estoril

Decorria o jogo entre o Estoril e FC Porto, na passada segunda-feira, quando um grupo de adeptos portista foi obrigado a abandonar a bancada mais moderna do Estádio António Coimbra da Mota devido ao risco de queda. Após muitas opiniões, passa-culpas e poucas respostas, um antigo vereador da Câmara Municipal de Cascais veio alegar que no terreno em causa não deveria ter sido construída tal bancada, até porque passa um ribeiro por baixo da mesma que não permite estabilidade.

Antigo vereador assegura que a Câmara e o clube sabiam da situação

“Naquele terreno, as informações que nós tínhamos sobre urbanismo na altura é que era impossível de construir ali, era uma zona ‘non edificandi’ porque fazia parte da reserva agrícola, estava muito perto da ribeira, parte até era atravessado, por baixo, por uma ribeira e não era possível edificar neste local”, começa por dizer João Sande e Castro em declarações ao Notícias ao Minuto, depois de uma publicação na sua página de Facebook que deu muito que falar.

O antigo vereador garante que este era um tema há muito adiado. Na verdade, “a Câmara tem pleno conhecimento da instabilidade do terreno nesta zona, assim como o clube [Estoril]... foi uma questão discutida durante 20 anos”, assegura.

No mesmo seguimento, o antigo responsável pela pasta de Desporto em Cascais salvaguarda ainda que, na altura, pensou-se até construir uma “piscina naquele local”, que “não foi feita porque tinha esse problema da estabilidade do próprio terreno”.

“O projeto da piscina nunca avançou, nunca passou à fase de projeto, nunca passou da intenção, porque havia alguns estudos prévios e verificou-se logo que o terreno não era apropriado para construção”, garante.

O antigo vereador adianta também que “os campos sintéticos que ficam a Norte desta bancada – os campos de treino do Estoril – regularmente têm problemas de abatimentos, porque lá por baixo passa uma ribeira, como de resto há um abatimento na própria estrada e bastante perto da bancada onde aconteceu isto”.

Apesar de tudo o que era sabido, a bancada avançou mesmo no local. Nessa altura já João Sande e Castro não era vereador, o que lhe causou surpresa. Porém, “em engenharia tudo é possível e acreditei que estavam tomadas medidas e técnicas adequadas para construir em terrenos mais sinuosos”.

“Achei estranha [a construção], por ser reserva agrícola e por ser conhecido que o terreno era instável. [Hoje], de facto, verifica-se que técnicas não foram utilizadas e, se foram, utilizadas foram mal”, frisa.

Câmara, do parecer técnico às vistorias

Confrontada com as declarações do antigo vereador, a Câmara Municipal de Cascais respondeu em comunicado, explicando que, em primeiro lugar, “o alargamento do Estádio António Coimbra da Mota é uma obra que não carece de licenciamento, uma vez que se trata de um equipamento municipal” e que, por outro lado, “o projeto foi analisado por uma vasta equipa de técnicos qualificados, tanto da Câmara Municipal de Cascais como de organizações externas”.

Nesta senda, há um assumir que “o terreno onde está implementado o Estádio está tipificado como Rede Agrícola Nacional”, mas assegura-se que esta “não exclui a construção de equipamentos, quadro legal em que se integra um Estádio Municipal (equipamento desportivo), instalado naqueles terrenos há mais de 70 anos”.

Aliás, a Câmara explica mesmo que “a que a nova bancada veio cumprir um requisito da UEFA” e que a obra foi “vistoriada pelas entidades nacionais e internacionais competentes”. “Mais, as instalações  do Estádio são vistoriadas pela Liga Portuguesa de Futebol e demais entidades no arranque de cada época”, tal como aconteceu antes do jogo.

A Câmara Municipal de Cascais certifica ainda que “não deixará de acompanhar este processo, aguardando o parecer final do Laboratório Nacional de Engenharia Civil”.

A decisão do adiamento... e a falta de respostas

A segunda parte do jogo entre o Estoril e o FC Porto acabou por ser adiada e, numa reunião onde estiveram entre os clubes, a Liga, a Proteção Civil de Cascais e Lisboa, LNEC, GNR, engenheiros da Liga e a Câmara foi discutida a situação e ficou decidido que o encontro será retomado no dia 21 de fevereiro.

O caso parece estar longe de ter terminado e aguardam-se agora pareceres técnicos sobre o que está, afinal,  em causa, atestando, ou não, o facto de a bancada ter sido construída num terreno sinuoso, apesar de clube e Câmara saberem da situação.

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