Meteorologia

  • 19 ABRIL 2024
Tempo
16º
MIN 15º MÁX 21º

Vítimas dos fogos de outubro estão "rigorosamente ao abandono"

Duas associações de vítimas dos incêndios de outubro de 2017, na região Centro, criticam a alegada distância do poder central e asseguram que milhares de lesados ainda não receberam ajudas.

Vítimas dos fogos de outubro estão "rigorosamente ao abandono"
Notícias ao Minuto

12:18 - 13/01/18 por Lusa

País Associação

Ao assinalar "três meses da maior tragédia em destruição material que a região sofreu em séculos", a Associação das Vítimas do Maior Incêndio de Sempre em Portugal (AVMISP) insurge-se contra "a distância do poder político", quando "a falta de esperança cresce" no interior devastado pelos fogos de 15 e 16 de outubro de 2017.

"Sobra sempre a sensação de que continuamos entregues à nossa sorte", afirma à agência Lusa o empresário Luís Lagos, presidente da AVMISP, com sede em Oliveira do Hospital, no distrito de Coimbra.

Opinião idêntica tem o Movimento Associativo de Apoio às Vitimas dos Incêndios de Midões (MAAVIM), no vizinho município de Tábua, liderado por Fernando Tavares Pereira.

Numa nota enviada à Lusa, o empresário de Midões reitera que "a população está rigorosamente ao abandono, com medidas avançadas e sem estarem aplicadas", e reporta a existência de "milhares de lesados ainda sem ajuda".

"São empresas que lutam para voltar à normalidade e encontram discriminação nos apoios, pessoas que querem reconstruir a sua casa, as suas vidas, e a quem falta proximidade e celeridade do poder executivo", declara, por sua vez, Luís Lagos.

O líder da AVMISP testemunha queixas dos "agricultores que ficam embrulhados em burocracia" e adianta que a população "tem a sensação de que vive num país onde o Governo está de férias para o Interior".

A associação pergunta, por exemplo, "por que não se pagou, de imediato e sem burocracias, o valor indemnizatório mínimo aos familiares das vítimas mortais" e realça que, "se algum familiar não concordar com o valor final da indemnização e quiser recorrer aos tribunais, continuará a não receber o valor mínimo, de 70 mil euros", anunciado pelo Estado.

"Isto não passa de uma forma encapotada de pressão" para levar as pessoas a aceitar esse valor, considera Luís Lagos, realçando ser "todo um território que fica em causa, um conjunto de vidas que ficam hipotecadas e uma região que perde o comboio do futuro", se o Governo não promover "a discriminação positiva" de municípios do Interior "que todos os dias pagam o preço da distância" do poder central.

Questiona ainda, entre outras críticas, "onde está o Fundo Revita para a tragédia de outubro", lembrando que, "se as ajudas dos portugueses, em junho", com o incêndio de Pedrógão Grande, "mereceram a criação de um fundo para as fazer chegar de forma justa e equitativa ao terreno, em outubro é a bandalheira total".

Por outro lado, "a diferenciação ao nível da comparticipação do apoio às empresas, entre os incêndios de junho e de outubro, é gravíssima", na sua opinião.

Por seu turno, o MAAVIM insiste que "ainda não existe um único parque de recolha" de madeira queimada e alerta que "os rios estão cheios de lixo e lama".

A organização liderada por Fernando Tavares Pereira recomenda que os planos diretores municipais (PDM) "devem ser suspensos urgentemente para reorganizar todas as áreas agrícolas, florestais, industriais e urbanas".

As duas associações defendem que o Governo deve avançar com um sistema de ajudas que permita também a reconstrução das casas de segunda habitação destruída pelo fogo.

"Falamos do tipo de habitação que dá vida ao Interior", salienta a AVMISP, presidida por Luís Lagos.

Igualmente, o fundador do MAAVIM valoriza estes edifícios, usados pelos emigrantes nas férias e pelos trabalhadores agrícolas.

"Vamos deixar as paredes no ar à espera que o vento as derrube?", conclui Fernando Tavares Pereira.

Recomendados para si

;
Campo obrigatório