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Texto de José António Saraiva alvo de queixa no DIAP por "discriminação"

Antigo diretor do SOL considera, num artigo de opinião publicado naquele jornal, que as pessoas que mudam de sexo tornam-se "entes desgraçados, uns despojos humanos".

Texto de José António Saraiva alvo de queixa no DIAP por "discriminação"
Notícias ao Minuto

23:50 - 03/01/18 por Anabela de Sousa Dantas

País Opinião

Um texto de opinião de José António Saraiva publicado no primeiro dia do ano na página do jornal SOL motivou a reação da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG) que, em comunicado, anunciou que vai apresentar queixa contra o órgão junto das instâncias competentes, incluindo junto do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP).

A comissão manifestou, através de comunicado publicado na sua página, “repúdio pela gravidade das declarações proferidas pelo jornalista José António Saraiva” que são de caráter “profundamente atentatório da dignidade das pessoas transexuais”.

José António Saraiva opinou, num texto intitulado ‘E se um homem se sentir galinha?’, sobre as cirurgias de mudança de sexo e sobre a própria transexualidade, defendendo que “as intrusões na natureza são sempre duvidosas” e que “as trocas de sexo por via cirúrgica são de uma inaudita brutalidade”, definindo-as ainda como “burlas” e “embustes” porque “é impossível por via cirúrgica transformar um homem em mulher (ou o contrário)”.

“Embora seja um liberal convicto, entendo que estas operações deveriam ser pura e simplesmente proibidas. As pessoas que são vítimas delas tornam-se depois umas infelizes – porque não são carne nem peixe. Deixaram de ser homens mas não são mulheres – ou o contrário”, escreveu.

O antigo diretor do semanário SOL escreve, ainda, que a cabeça de um transsexual tornar-se-á “muito mais confusa depois da operação”, questionando ainda se algum homem se quererá casar com uma mulher que já foi homem. “Só por caridade alguém condescenderá em fazê-lo”.

“Criam uns entes desgraçados, uns despojos humanos que serão sempre olhados de lado pela sociedade e ostracizados”, acrescentou.

A CIG considera que esta “mensagem é susceptível de favorecer a prática de atos de violência homofóbica e transfóbica, agravada pela amplificação que decorre da sua divulgação num meio de comunicação de âmbito nacional, podendo o mesmo configurar a prática de crimes de discriminação sexual e de instigação à prática de crimes”.

A comissão apresenta, assim, queixa no DIAP “para que o Ministério Público proceda às diligências que considere necessárias para o apuramento de eventual responsabilidade criminal no que diz respeito à discriminação e incitamento ao ódio e à violência contra pessoas transexuais”.

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