Papa “deu exemplo de despojamento que cardeais” não queriam
Numa altura em que cresce o número de opositores ao Papa Francisco, Miguel Sousa Tavares fala numa “luta ancestral na Igreja” entre o setor conservador e o setor progressista. Afirma que Francisco é um Papa que “representa tensão na Igreja”.
© Global Imagens
País Miguel Sousa Tavares
O pontificado do Papa Francisco tem primado por gestos, afirmações e uma abertura que chocam com os valores defendidos pelos católicos mais conservadores. Esse choque pode estar a chegar ao limite, à medida que crescem os opositores de Francisco que o acusam de heresia.
Para Miguel Sousa Tavares está em causa “uma luta ancestral na Igreja entre aquilo que podemos chamar o setor conservador e o setor progressista” mas também de poder.
“O que está em causa é uma questão de poder, como a Igreja exerce o poder, o Banco do Vaticano já todos sabemos a sua história e este Papa tocou em todos os poderes e deu um exemplo de despojamento que a maioria dos cardeais não estava disposta a ver”, disse Sousa Tavares na SIC Notícias.
O comentador afirma que “Francisco não é um Papa revolucionário mas é um Papa que representa essa tensão na Igreja” e compreende que a popularidade que granjeia fora da Igreja seja proporcional à falta de popularidade dentro da mesma.
“Um Papa como Francisco é necessariamente mais popular fora da Igreja do que dentro da Igreja. Não quer dizer que esteja errado e que não esteja a levar a Igreja para o caminho certo como acho que está. Vivemos num mundo em que não há nada pior do que os fundamentalismos religiosos e o que o setor conservador, que é o que está em causa, liderado pelo cardeal norte-americano Raymond Burke - que entre outros é o mentor de Steve Bannon, que por sua vez é o mentor político de Donald Trump - quer fazer da Igreja Católica uma igreja facciosa como são tantas igrejas pelo mundo inteiro e argumentam que cada vez que a Igreja se abre ao mundo, em vez de ganhar mais fiéis tem perdido mais fiéis”, realçou.
Miguel Sousa Tavares concorda a abertura que Francisco tem tentado implementar. “Se calhar a Igreja precisa de acolher os divorciados, os homossexuais, precisa de deixar de distinguir as pessoas conforme a orientação da vida dessas pessoas”.
Sobre as acusações de heresia ao Papa, Sousa Tavares diz que essa acusação depende da perspetiva da verdade. “Temos de distinguir o que é a noção de verdade e se a verdade estabelecida pela Igreja a partir de um dado momento deixa de o ser”.
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com