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Jovem desempregado abre barbearia vintage para fintar a crise

O licenciado Fábio Afonso, de 22 anos, decidiu mudar de vida, deixar de engrossar as listas do desemprego e ser empreendedor no interior do país, tirando um curso de barbeiro e abrindo uma barbearia ‘vintage’ em Valpaços.

Jovem desempregado abre barbearia vintage para fintar a crise
Notícias ao Minuto

12:10 - 21/07/13 por Lusa

País Valpaços

O gosto pelos cabelos e penteados herdou-o da mãe que, quase todas as semanas, mudava de corte.

Quando era mais pequeno - recordou o jovem barbeiro à agência Lusa, à pergunta "o que queres ser quando fores grande?" - respondia, sem hesitação, que preferia a profissão de cabeleireiro.

A mãe, quando Fábio perdeu o emprego como ‘designer’ gráfico num gabinete de arquitetura, recordou-lhe "velhas afirmações e desejos" e desafiou-o a tirar um curso de barbeiro.

Como gosta de reptos, o jovem acedeu e, durante três meses, tirou o curso no Porto. E Como "adora" Valpaços e "nunca" quis sair da terra, Fábio Afonso, com a ajuda dos pais, abriu a barbearia "O Palco do Barbeiro", no centro da cidade de Trás-os-Montes.

Além de barbeiro, Fábio assumiu o papel de decorador e deu um toque ‘vintage’ ao espaço, com móveis e peças comparadas na internet ou dadas.

A cadeira, a peça mais cara da barbearia, mas também a mais bonita, foi comparada pela internet, a um vendedor de Ermesinde e custou "um balúrdio".

Já um armário, foi-lhe dado pela avó, mas foi sujeito a restauro.

Numa vitrina, Fábio Afonso exibe navalhas, máquinas e pincéis oferecidas pela mulher de um antigo barbeiro de Valpaços que achou que ali teriam "mais utilidade" do que no sótão.

Fábio gosta de ser tratado como barbeiro e não cabeleireiro porque "adora" fazer barbas. "Barbeiro remete para homem e cabeleireiro tanto é para mulher como para homem. Isto é a mesma coisa do que chamar café a um bar e bar a um café", afirmou.

Apesar do gosto pela navalha, é com a tesoura que Fábio mais trabalha. "Faço mais cortes do que barbas. Antigamente, a realidade era outra. Hoje, os homens têm as ‘gillettes’ descartáveis, fica-lhes mais barato", disse.

Com clientes dos oito aos 80 anos, o jovem barbeiro explicou que os "mais antigos" estranham ver uma pessoa tão jovem com a mestria da navalha e até ficam reticentes. Mas, depois de sentados na cadeira, ficam "tranquilos" e, alguns, até adormecem.

"As pessoas têm a ideia de quem faz barbas é velho e está no final da sua vida profissional", afirmou.

Fábio Afonso revelou que, inicialmente, muitos estranharam a ideia, mas depois acharam piada e até o batizaram de "o amigo barbeiro".

Na cidade existem quatro barbeiros, todos mais velhos do que Fábio, a quem ele gosta de chamar de "colegas" e não "concorrentes", porque o “negócio da navalha” até "dá para todos".

Aberto há cerca de cinco meses, o negócio Fábio Afonso tem sentido um "pouquinho" os efeitos da crise.

"Os homens agora pedem-me ‘carecadas’ para o cabelo demorar mais a crescer e não terem de cortar tão cedo. E alguns compram máquinas para cortar em casa porque fica mais barato", explicou.

Baterista de uma banda, Fábio Afonso revelou, contudo, que, nos próximos tempos, o seu palco de eleição será mesmo a barbearia.

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