Nesta casa, não há prendas no sapatinho. A maior prenda serve-se à mesa
Raquel Areia (espante-se) acreditou no Pai Natal até aos 13 anos. Uma magia que lhe foi fomentada pela mãe, mas que agora, já com dois filhos, prefere alimentar de outra forma.
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País Natal
Natal: luzes, música, família e muitas prendas no sapatinho. Este é, por norma, o mote da época festiva que agora vivemos e que nos leva a passar grande parte do mês de dezembro a correr de loja em loja. Mas não Raquel Areia, para quem o espírito natalício está longe de se focar na habitual troca de prendas aquando das 12 badaladas do dia 25 de Dezembro.
Implementou-se por mais “uma questão prática” do que por ser contra "o consumismo do Natal”, e é hoje uma tradição na casa desta jornalista de 43 anos. Referimo-nos ao facto de nesta casa não se trocarem prendas e de se privilegiar outro tipo de gestos.
Contudo, confessa Raquel, nem sempre foi assim. E há até algo que tem vergonha de confessar. “Eu acreditei no Pai Natal até aos 13 anos. A minha mãe era ótima com o Pai Natal”, revela, considerando que tenta manter “esse espírito” e essa “magia” nas suas comemorações, mas de uma forma diferente.
Profissões (in)compatíveis e novas tradições familiares
Foram poucas as noites de Natal que Raquel e Walter Areia conseguiram ter juntos desde que iniciaram a sua vida a dois. Como músico, Walter passava a maior parte destas noites em espetáculos, enquanto Raquel, como jornalista, também nem sempre conseguiu conciliar os horários com os do marido. Aproveitar os tempos livres para ir para a “correria” dos centros comerciais deixou de ser uma prioridade para este casal, que cerca de três anos após casar, em 1999, decidiram adotar de forma oficial que não haveria trocas de prendas na noite de Natal.
“A decisão não aconteceu por rebeldia apesar de não ser cristã. Adoro o Natal, no entanto não gostava da obrigação de ir a uma loja”, conta, revelando alguma indignação com o “sistema de compra por correria”.
Quando os filhos nasceram, a tradição manteve-se, e foi acatada com naturalidade, até porque nunca chegaram a conhecer outra forma de celebração. Além disso, saliente-se, as prendas existem, contudo são entregues muitas vezes mais tarde, e em forma de presentes que podem ser partilhados por toda a família, como foi o caso da visita ao Jardim Zoológico ou ao Oceanário.
A maior prenda é a partilha à mesa
No que à noite de Natal propriamente dita diz respeito, a prenda que mais se privilegia acontece ao jantar. Uma troca de ofertas que tem lugar à mesa.
“Na noite de Natal cada um faz um prato para comer. Essa é a nossa troca” conta a jornalista, referindo que o jantar é servido mais tarde do que o costume, para que a conversa se prolongue pela noite dentro, não havendo espaço para se lembrarem de que a meia-noite chegou.
O menu - sempre vegetariano - é decidido com antecedência. Este ano, Lis ficou encarregue da sobremesa e vai preparar um cheesecake enquanto "os meninos farão juntos arroz bhasmati com frutos secos mais kofta, uma preparação vegetariana indiana. Eu farei a salada e uma empadinha de legumes. Mas o principal é que cada um escolhe uma preparação especial para 'presentear' a família na ceia".
Raquel salienta sempre que a sua decisão deveu-se mais a uma "questão prática", mas não se arrepende da decisão de viver todo "o espírito de Natal de uma outra forma". Quando lhe perguntamos se pretende incutir a sua forma de pensar aos filhos Nuno, de 19 anos, e Lis, de 9, a resposta está na ponta da língua: "Eles vão fazer a história deles. Não tenho pretensão de lhes impor nada", afirma, reforçando que apenas pretende incutir "o espírito de ser mais gentil".
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