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Ferraria de São João não esperou e avançou com Zona de Proteção Ambiental

A aldeia de Ferraria de São João, no concelho de Penela, Coimbra, não quer voltar a estar cercada pelas chamas e avançou sozinha com um projeto local de defesa contra incêndios.

Ferraria de São João não esperou e avançou com Zona de Proteção Ambiental
Notícias ao Minuto

08:30 - 17/12/17 por Lusa

País Incêndios

Depois de viver momentos de aflição na sequência do grande incêndio de Pedrógão Grande, a comunidade daquela localidade, situada junto ao limite do concelho de Figueiró dos Vinhos, criou uma Zona de Proteção Ambiental, que consistiu no corte de eucaliptos numa faixa de 100 metros em redor do aglomerado habitacional e na sua substituição por árvores autóctones.

"Avançámos com o projeto logo em junho e já fizemos 14 reuniões com a comunidade. E isso tem sido a base do projeto, as discussões e as soluções debatidas entre nós, e estamos agora a começar a discutir os modelos de gestão da área em termos de utilização de cabras para silvopastorícia, rentabilidade das árvores que estamos a plantar e mesmo outras atividades económicas", disse à agência Lusa o presidente da Comissão de Moradores, Pedro Pedrosa.

Logo nos primeiros meses, os moradores da aldeia conseguiram reunir 77 proprietários de 255 parcelas de terreno e proceder ao arranque de cerca de 80 mil eucaliptos em nove hectares, numa faixa de 100 metros em redor da aldeia, e preparar o terreno para a plantação, de forma ordenada, de espécies mais resistentes ao fogo, como são o carvalho, o castanheiro e o sobreiro.

O projeto, já em fase adiantada, prevê a plantação de cerca de um milhar daquelas espécies, a limpeza de terrenos, a abertura de aceiros e a estabilização dos terrenos contra a erosão.

"Estamos bastante satisfeitos com o que conseguimos fazer até agora e achamos que até à primavera a reflorestação e a intervenção nos terrenos na zona de proteção da aldeia estará concluída", salientou Pedro Pedrosa, referindo que as plantações estão numa fase avançada.

Segundo Pedro Pedrosa, o plano inicial previa a plantação de mil árvores, das quais 500 já estarão plantadas, tendo sido possível recuperar algumas espécies autóctones que estavam dentro dos eucaliptais.

As várias ações desenvolvidas já movimentaram mais de 500 voluntários, desde grupos informais, empresas e escolas que se quiseram associar à iniciativa.

A Zona de Proteção Ambiental de Ferraria de São João é considerada um exemplo e, em novembro, recebeu a visita do ministro Adjunto Pedro Siza Vieira, que elogiou a dinâmica própria e o "que pode ser uma aldeia no meio de um território rural, que atrai população, que é resiliente às agressões destas ameaças dos incêndios e um exemplo absolutamente extraordinário de como se cria uma dinâmica local".

"Há uma forma de atuação que não espera por ninguém, que toma medidas corretas, que já estão a antecipar a construção de faixas de proteção às aldeias, já anteciparam o trabalho de estabilização dos terrenos ardidos e isto é, precisamente, o trabalho que estamos agora a fazer", sublinhou o governante.

Segundo Pedro Pedrosa, a aldeia de Casal de São Simão, que dista 10 quilómetros, também iniciou um processo idêntico, inspirado no projeto de Ferraria de S. João.

"Outras aldeias têm-nos contactado a perguntar como foi feito o nosso processo, mas não tem sido tão fácil porque a sensibilidade das pessoas agora não tem sido tão elevada", observa.

Até à data, a criação da Zona de Proteção Ambiental tem sido suportada financeiramente com donativos de pessoas e empresas e um pequeno fundo de 14 mil euros da Comissão de Moradores da aldeia, além do apoio de maquinaria do município de Penela.

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