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Quatro histórias e uma morada. Eis a Casa do Artista

Falar sobre a história da Casa do Artista é falar de arte e dos seus protagonistas. É falar de música, teatro, bailado e tantas outras artes, mas, sobretudo, de pessoas. Mas e quando o palco acaba? Para onde vão e que apoio têm as pessoas que nos deram tanto? Foi isto que tentámos perceber e dar a conhecer ao leitor através das histórias que escrevemos e filmámos.

Notícias ao Minuto

08:00 - 23/12/17 por Marina Gonçalves e Sérgio Abrantes

País Grande Reportagem

Durante os últimos meses, o Notícias ao Minuto levou a cabo uma reportagem sobre a Casa do Artista. A ideia foi perceber os alicerces do projeto, mas sobretudo dar a conhecer a história daqueles que nela habitam.

O trabalho prolongou-se durante semanas. As conversas mantidas chegam ao leitor como uma súmula daquilo que foi ouvido. Na verdade, cada ator ou músico com que nos cruzámos revelou-se, no fundo, um contador de histórias.

Estas histórias, que de certa forma ajudaram também a moldar o Portugal cultural que hoje herdamos, são contadas na primeira pessoa. Mas também encontrámos um lar, aquele a que todos devem ter direito nos seus últimos dias.

Mais do que uma morada, a Casa do Artista revelou-se-nos como aquilo que é. Um palácio de liberdade, afeto e muitas batalhas conquistadas.

A primeira pedra do projeto foi lançada quando este era ainda só uma ideia. Os primeiros ‘registos’ que encontrámos datam da década de 1960, mas foi apenas no cruzar de séculos que a ideia tomou forma.

O 25 de Abril permitiu que tudo fosse materializado num edifício que hoje encontramos em Carnide, onde antes também se guardavam aos apetrechos de quem fazia vida no circo. O terreno levou dois anos a encontrar. O projeto foi concluído quase 20 anos depois.

Nas vésperas de celebrar 20 anos da sua abertura de portas, considerámos que seria importante relembrar quem lá vive. Fernando Midões, um dos nossos primeiros entrevistados, por exemplo, é um homem acostumado a estar com o microfone em mão. Falou-nos sobre liberdade e de um tempo que jamais vai esquecer. O dia 25 de Abril de 1974.

Foi através dele que os portugueses, pelos menos os que assistiram na televisão, souberam, em parte, que tinha acabado a ditadura.

Mas conhecemos também Isabel Magro. A menina, hoje mulher, que jamais quis seguir carreira na costura, desenhou e executou vestidos para muitos dos famosos que fizeram encher teatros. Começou na alta costura, mas terminou atrás dos palcos, a vestir as estrelas.

Pedro Machado, por exemplo, o homem que com a quarta classe e as mãos trocadas levou a música de Portugal, feita por portugueses, além fronteiras, num tempo em que poucos saíam do país sem serem empurrados, mostrou-nos, com humildade de quem sente já ter vivido quase tudo, que a arte é uma espécie de amor que se encontra em cada esquina.

Por fim, Maria Candal. A menina que ganhou apelido de aldeia pelas suas cantigas. Fez teatro, televisão, impressionou-nos sobretudo pela sua simplicidade, e pela insegurança de artista que quer ser perfeito. Aqui também o amor falou mais alto. A família é aquilo que guarda de maior na sua memória e foi por ela que de tudo abdicou.

Mas a Casa do Artista não podia ser possível sem o trabalho de muitos outros que não surgem nesta peça. Por isso, falámos durante o nosso trabalho também com uma das fundadoras. Maria Manuela, atriz conhecida de todos os portugueses, foi-nos apresentada como a raiz do projeto.

Apesar da obra concretizada, dos desafios superados, Maria Manuela mostrou-se também inconformada. Reclamou-nos maior dignidade para os artistas, mas, sobretudo, para a arte. No fundo, um artista só precisa de uma coisa… do seu público. Mas é preciso dizê-lo às pessoas, mostrar-lhes que o investimento que fazemos no país tem de ser aplicado também na cultura.

Para a posteridade ficam os registos destas pessoas e das suas histórias e memórias.

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