Entre "desassossego" e “inquietação" nasceu um Urso. Levamo-lo ao Ártico?
O Ricardo - agora Urso - quer fazer uma expedição de 300 km pelo Círculo Polar Ártico, num trenó puxado por cães. Mas, primeiro, precisa de vencer um concurso.
© Ricardo Nascimento/Facebook
País Concurso
Ricardo Nascimento é a personificação da inquietude. “Eternamente inquieto”, assim se descreve. O seu percurso e as experiências vividas levaram-no ao ponto “único” na sua vida – ao dia em que decidiu ser Urso. Ursos há muitos, mas os verdadeiros gostam é de neve, certo?
Mas já lá vamos. Ricardo nascimento teve uma juventude “repleta de experiências, desafios e alguns desaires”, como qualquer comum dos mortais. Ex-aluno do Colégio Militar, ex-atleta de alta competição de Pentalto Moderno, ex-vocalista dos Barafunda Total e, imagine-se, é formado em Informática e Gestão. Foi consultor, freelancer, programador.
Apesar de “muitas qualidades e talentos reconhecidos por todos os que o rodeiam (e defeitos também)”, sempre se sentiu – lá está – inquieto. Como se faltasse algo na sua vida. Foi aí que, em 2016, decidiu vender a sua casa e tudo o que continha, partindo numa viagem pela Ásia.
Tinha planeado dois meses que se transformaram em seis. Foi viajando pelo Sudeste Asiático, Papua Nova Guiné, Médio Oriente, Grécia, Islândia... Voltou para estar presente no dia do nascimento da sobrinha.
Sentindo aquele “lado nómada a fervilhar”, Ricardo partiu novamente, desta vez rumo à Rússia. Também aqui o tempo de permanência se excedeu (eram só dez dias, que se prolongaram por dois meses, na Estónia).
De volta à base, Ricardo “acalmou um pouco”, mas apenas para preparar a sua próxima aventura. Num ano pautado por algumas perdas, o espírito inquieto de Ricardo precisava de mais um desafio. Planeia participar no Rally da Mongólia com o mítico Opel Astra de 1994, que pertencia ao avô César. Mas isso é só em julho de 2018. Até lá, o que pode fazer com tanto desassossego?
Ricardo decidiu ir para a Noruega. “Ai que bom! Vais visitar os fiordes?”, perguntavam-lhe. “Não”, respondia, “Vou fazer uma caminhada de 140 km, sozinho, pelas montanhas do norte da Noruega.” E assim foi. A família despediu-se como se ele não fosse voltar mais. Tal era a preocupação. Correu tudo pelo melhor. Ricardo superou o maior desafio físico, psicológico e emocional com que alguma vez se deparou. Nos mais de 140 km, percorreu toda uma vida. Percebeu que está no caminho certo e que toda a mudança fez sentido. Foi aí que o Ricardo decidiu ser... Urso.
E do que é que este Urso precisa? De ir ao Ártico, pois. Mais concretamente, de fazer uma expedição de 300 km pelo Círculo Polar Ártico, num trenó puxado por cães. Vai embrenhar-se na natureza mais selvagem (e fria, há que dizê-lo), passar a noite numa tenda, cuidar dos cães e encontrar assim a sua nova zona de conforto. Para isso, inscreveu-se no concurso “Fjãllrãven Polar”.
Neste concurso participam pessoas de todo o mundo, sendo que quem tiver mais votos via Facebook, por região, ganha a possibilidade de participar naquela experiência única. Para ajudar o Urso a, finalmente, chegar ao Ártico basta votar aqui. As votações encerram no dia 14 de dezembro. Até lá, se se movimenta na capital, é bem possível que já se tenha cruzado com o Urso Ricardo e até recebido um abraço grátis. É também possível que tenha estranhado, mas, ao mesmo tempo, gostado da sensação.
O desafio no Ártico acontecerá de 9 a 14 de abril. Depois deste, já há outra aventura na mira: viajar até ao Japão sem apanhar avião. É “isto” - viajar e aventurar-se no desconhecido - que faz Ricardo feliz e que o move para “ser melhor e crescer como pessoa”. E sabe que conta com o apoio inexcedível da família. E o Ricardo? Não tem também receios? Para Urso – não nos esqueçamos que o Ricardo agora é um Urso –, a questão do medo daquilo que nos é desconhecido é relativa e parte de conceções da sociedade, “às vezes erradas”.
A Papua Guiné e o Líbano, onde diz ter tido mais medo de entrar, foram justamente os países onde as pessoas se mostraram mais afáveis. “Não me importo de ir a sítios que me dizem que não vale nada para ter a certeza de que a minha opinião é mesmo essa”, afirma, em conversa com o Notícias ao Minuto. A verdade é que os azares acontecem, e podem acontecer em qualquer lado, e o medo – esse bicho papão – é até o combustível ideal para estas aventuras. “É importante para nos manter atentos e conscientes, não pode é ser ele a dominar-nos”.
Vai com tudo, Urso!
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