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Apenas um carro para quatro esquadras. Acontece em Lisboa e não só

Há quatro esquadras da PSP no centro de Lisboa que têm de partilhar uma viatura. Porém, de acordo com o presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP), Paulo Rodrigues, a situação não é exclusiva da capital. Para assegurar a resposta às ocorrências seriam necessárias, no mínimo, "três viaturas com três equipas em todos os turnos de serviço". Mas não é isso que acontece.

Apenas um carro para quatro esquadras. Acontece em Lisboa e não só
Notícias ao Minuto

12:29 - 23/11/17 por Filipa Matias Pereira

País PSP

Há quatro esquadras da PSP no coração da cidade de Lisboa sem as condições necessárias para dar resposta a situações de emergência. Em causa está o facto de só disporem de uma viatura para registarem essas ocorrências e para realizarem patrulhas.

Falamos, mais concretamente, das esquadras do Rato, da Rua da Palma, da Baixa Pombalina e do Bairro Alto – locais onde a afluência diária de ocorrências é elevada face à sua localização central.

Porém, o Notícias ao Minuto apurou junto da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP) que a falta de meios não é uma situação exclusiva da capital. Paulo Rodrigues, presidente da organização sindical, garante que “a escassez de viaturas e também de efetivos é cada vez mais vulgar", acrescentando ainda que há episódios em que “determinada esquadra não consegue responder à ocorrência e tem de ser outra na proximidade a colmatar a falha”.

Perante as circunstâncias, os efetivos veem-se na obrigação de fazer uma espécie de 'triagem' das ocorrências, tentando identificar aquelas que, pelo caráter urgente, justificam a presença imediata de polícias, deixando as restantes para mais tarde. E isto acontece com muita frequência”. No entanto, assegura, “há alturas em que a lista começa a ser extensa e, por isso, a central de rádio é obrigada a enviar viaturas de outras esquadras mais distantes para resolver questões daquela área”.

Com a abundância de situações que carecem de resposta e intervenção da PSP, “os efetivos sentem, quase inconscientemente, necessidade de resolver as ocorrências o mais rapidamente possível”. Na opinião do presidente da ASPP/PSP, embora essa obrigação não seja imposta, “os polícias sentem essa obrigação”.

A título exemplificativo, as esquadras de Lisboa e do Porto, dada a sua densidade populacional, deveriam ter, defende, “no mínimo, três viaturas com três equipas em todos os turnos de serviço. Um dos efetivos, o condutor, que ficaria responsável pela viatura, enquanto que os outros dois dariam seguimento à ocorrência”. Estas até podem não “ser das maiores áreas em termos geográficos, mas em termos demográficos justifica-se”. Mas, “não é isso que acontece. Já não é a primeira vez que nem sequer há dois agentes para ir ao local”.

A viatura da polícia, recorde-se, “tem um conjunto de equipamentos imprescindíveis, desde coletes de proteção balística, a armamento e equipamentos de emissores e recetores que permite ter maior capacidade de resposta no local”.

“Por muito que se tente desvalorizar a falta de viaturas e de efetivos, não se pode esquecer que se está a comprometer o serviço da PSP”A ASPP/PSP irá reunir-se já esta sexta-feira com o ministro da Administração Interna com o objetivo de chamar a atenção do poder político para estas situações que impedem a força de segurança de cumprir o seu propósito. “Por muito que se tente desvalorizar a falta de viaturas e de efetivos, não se pode esquecer que se está a comprometer o serviço da PSP”, afirma Paulo Rodrigues.

A escassez de meios – materiais e humanos – não é, no entanto, recente. Estas são problemáticas que se têm vindo a arrastar. Por norma, “instituições têm de garantir uma evolução paralela à das sociedades”, diz o responsável. Mas, “por uma questão financeira, os sucessivos governos têm protelado as soluções, apesar de já termos apresentado modelo alternativo de gestão automóvel”.

Conforme garantiu Paulo Rodrigues ao Notícias ao Minuto, na PSP “compram-se viaturas, mas não se garante uma verba para a reparação, nem sequer para os aspetos mais simples. Por vezes, as viaturas apenas com dois anos acabam por estar três meses ou mais paradas precisamente por essa questão de falta de verbas para, por exemplo, mudar um pneu”. Há, no fundo, “um conjunto de situações que é preciso ultrapassar, mas isso só é possível mediante a adoção de um novo modelo porque este não é solução”.

Já no que se refere ao número de efetivos, a PSP “tem muitos serviços e várias competências”. E, sempre que abre concurso para uma unidade especial de polícia ou para investigação criminal, saem polícias das esquadras. Mas depois não se fazem concursos de entrada de operacionais em número suficiente para colmatar essas saídas. E é nas esquadras que se inicia a nossa missão. Quando a polícia, ao nível da esquadra, só tem uma equipa de dois elementos para todo o serviço… é preocupante”, alerta.

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