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"Se competências forem transferidas, qualidade da medicina vai diminuir"

Bastonário da Ordem dos Médicos (OM) pediu a demissão do presidente do Conselho Nacional dos Médicos, Jorge Simões, que anunciou estar a trabalhar "questões técnicas" de, no futuro, serem transferidas "tarefas" dos médicos para outros profissionais de saúde. Ordem ameaça inclusive sair do Conselho Nacional, caso Jorge Simões se mantenha em funções.

"Se competências forem transferidas, qualidade da medicina vai diminuir"
Notícias ao Minuto

22:23 - 08/11/17 por Melissa Lopes

País Miguel Guimarães

Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos, afirmou esta quarta-feira que “será muito difícil” trabalhar com Jorge Simões no Conselho Nacional dos Médicos. Em causa estão declarações do presidente do Conselho Nacional à Antena 1, nas quais Jorge Simões defendeu que há tarefas dos médicos que podem vir a ser feitas por outros profissionais de saúde, nomeadamente os enfermeiros.

“O que Jorge Simões disse à Antena 1, na qualidade de presidente do Conselho Nacional de Saúde, foi que não eram precisos muitos mais médicos em Portugal e que era preciso era enfermeiros, farmacêuticos e paramédicos. E que era necessário que muitas das competências dos médicos fossem exercidas por estes profissionais”, começou por situar Miguel Guimarães na antena da Sic Notícias.

“Para além disso, acrescentou uma coisa terrível: disse também que a discussão técnica relativamente a esta matéria já se tinha iniciado e que faltava, depois, fazer a discussão política”, realçou o bastonário.

Ora, do seu ponto de vista isso levanta questões importantes. “Ser médico é uma coisa, ser farmacêutico, enfermeiro ou outro profissional de saúde é outra coisa”. É, aliás, por essa razão, “que existem cursos de medicina, cursos de enfermagem e por aí fora”.

Miguel Guimarães está convicto que se forem transferidas competências dos médicos para outros profissionais que, “obviamente, a qualidade da medicina vai diminuir”.

“E, obviamente, que os grandes prejudicados vão ser, em última análise, os doentes. Claro, que os doentes que tenham mais possibilidades e mais sorte vão ter sempre um médico para os ver, mas os outros podem não os ter”, destacou.

Mas o mais grave, para o representante dos médicos, é a questão das questões técnicas estarem a ser discutidas. “Como é que é possível estarem a acontecer questões técnicas e a Ordem dos Médicos não saber que “tarefas” é que o dr Jorge Simões, e o grupo dele que eu não sei qual é, estão a pensar transferir para os outros profissionais de saúde? Os médicos não estão a ser ouvidos”, lamentou ainda.

Na sequência da polémica, Miguel Guimarães pediu a demissão de Jorge Simões. Agora, sublinha, esse pedido “está nas mãos do ministro da saúde”. Certo é que, palavras do bastonário, “será muito difícil estarmos os dois a trabalhar no mesmo Conselho. Se o presidente não sair, sai a Ordem [do Conselho Nacional]”. Colocando a pressão do lado do ministro, o bastonário disse que este “pode querer tomar a opção de querer ter uma saúde sem médicos, ou pode querer ter uma saúde com médicos. Está nas mãos do ministro".

“O sr ministro tem que parar, pensar e verificar se este tipo políticas que estão a ser pensadas por quem ele nomeou para ser o presidente do Conselho Nacional de Saúde, se são exatamente estas políticas que o ministro está a pensar”, afirmou, atestando, por fim: “Nos últimos anos, nada uniu tanto os médicos como estas declarações que o dr Jorge Simões fez”.

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