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E se o cancro fosse visto como um acidente de viação?

E se o cancro fosse um acidente de viação? A pergunta serve, aqui em jeito metafórico, como forma de explicar à população o que a ciência procura saber, no caso, sobre o cancro.

E se o cancro fosse visto como um acidente de viação?
Notícias ao Minuto

08:45 - 05/11/17 por Melissa Lopes

País Investigação

Se imaginarmos o cancro como um acidente  de viação, o trabalho do grupo de investigação em Genómica Funcional do Cancro do Centro de Investigação em Biomedicina (CBMR) da Universidade do Algarve (UALG) é fazer as peritagens ao desastre. Cabe ao grupo determinar, através ds biologia computacional, as “peças” que levaram a tal desfecho. Tal conhecimento tem como objetivo prevenir futuros ‘acidentes’ ou antecipá-los de forma a que o impacto do ‘embate’ seja o mais reduzido possível.

“Trabalhamos na identificação e na compreensão dos mecanismos dos fatores de risco genéticos para o cancro”, explica ao Notícias ao Minuto Ana Teresa Maia que lidera o grupo de investigação composto por cinco investigadores internos e cinco externos.

Por outras palavras, o grupo de investigação procura identificar no ADN das células das pessoas com doença – no caso, das mulheres com cancro da mama – de modo a identificar o que é que as distingue das que não têm a doença.

O objetivo seguinte é claro. Conforme explica a investigadora, a finalidade é saber o porquê do acidente, identificar quem tem as marcas – ou sinais de alerta - que sugiram maior ou menor probabilidade de vir a desenvolver cancro. “Tentamos encontrar estes indicadores na genética de cada um de nós”.

Identificando os factores de risco - que tanto podem ser associados ao carro como ao ambiente envolvente, o mau estado da estrada ou a chuva, por exemplo - , é depois possível atuar melhor na prevenção das pessoas com maior propensão para o ‘desastre’ e influenciar o comportamento da população, desviando-a, sempre que possível, do caminho mais perigoso. Ou seja, despistar a doença, compreendo-a o melhor possível. “Procuramos identificar as peças que, se falharem, vão dar maior probabilidade a que esse acidente ocorra”, reforça.

Notícias ao MinutoE se pensássemos o cancro como se fosse uma acidente de viação?© DR

O foco principal deste grupo é contribuir para “combater o cancro, nem tanto pelo tratamento, mas tentar que não apareça ou que, se aparecer, que seja identificado nos estágios mais precoces”. No fundo, resume Ana Teresa Maia, “o que queremos é aumentar a sobrevivência dessa doença terrível” sobretudo através da prevenção. Para isso, explica ainda, "tentamos desenvolver mecanismos de busca como se fossem lupas especiais para procurarmos os sinais de alerta”. O que se pretende, em suma, é "chegar lá mais cedo que a doença". Mas, mais do que isso, os resultados produzidos pelo grupo poderão inclusive contribuir para o desenvolvimento de novas terapias clínicas.

Sendo a investigação na área do cancro um trabalho que “tem implicações na qualidade de vida e na capacidade de sobrevivência”, a opinião de Ana Teresa Maia, é fulcral transmitir à população o trabalho que vai sendo desenvolvido. E isso passa, inevitavelmente, pela forma como se comunica ciência. “Temos que nos habituar a encontrar estes exemplos [como aqui referenciado] para explicar aquilo que fazemos”, considera.

Quanto à evolução da investigação na área do cancro, a investigadora entende que é das áreas – talvez pelo impacto que tem na vida das pessoas – onde tem existido, historicamente, muita investigação, tanto lá fora, como em Portugal, onde há cientistas “magníficos” concentrados a estudar a doença. Doença essa que, lembra, colocamos num só saco, mas que é, na realidade, “um número infindável de doenças”.

Em termos latos, se consideramos que a grande ambição é descobrir a cura para o cancro - “erradicar a doença” -, “se calhar não temos ainda os resultados que gostávamos”, lamenta a investigadora, rematando: “Devido à natureza da doença, isso não foi ainda possível e provavelmente não será, mas tentamos compreender a doença ao máximo para a conseguir evitar e tratar ao máximo".

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