O relato chocante de um grupo de amigos estrangeiros no Urban Beach
Connor McCreesh descreveu o que viveu, no verão passado, no Urban Beach. O relato é agora notícia, após as recentes agressões filmadas à porta do estabelecimento.
© Connor McCreesh / Medium
País Connor McCreesh
O vídeo de violentas agressões de seguranças a dois jovens à porta da discoteca Urban Beach, em Lisboa, trouxe a público uma realidade que parece não ter acontecido apenas uma vez, já que na internet se têm multiplicado as críticas e testemunhos de pessoas de quem já foi vítima ou assistiu a este tipo de atos violentos.
O britânico Connor McCreesh contou que numa sexta-feira de verão, quando estava de visita à capital portuguesa, resolveu ir com os amigos à discoteca lisboeta, mas nada correu conforme o previsto.
O texto escrito no site Medium descreve pormenorizadamente a vivência daquela noite, num texto intitulado ‘Cães raivosos em Lisboa’. Tratou-se de “um dos atos mais impressionantes de violência gratuita e sem sentido” a que assistiu na vida.
Tudo começou quando o grupo de amigos chegou ao Urban e lhe foi dito que estava a decorrer uma festa privada. Os amigos não entenderam a razão, tão pouco acreditaram ser verdade, mas Connor preferiu afastar-se por acreditar que “não valia a pena dizer mais nada”.
Não era a primeira vez que o jovem se deparava com um caso idêntico. “Lidei com seguranças em demonstrações de poder variadas vezes, há pouco a fazer, não vale de nada motivar qualquer provocação”, pensou.
Afastou-se, mas quando se apercebeu, um dos amigos havia levado um soco de um segurança, o que o deixou praticamente inconsciente. “Mas o pior está para vir. Kib [o amigo] leva um enorme pontapé na cara, parece que foi uma bomba. Fui ter com ele e, quando ainda estava a perceber o que se estava a passar, levou outro soco no queixo”.
Os seguranças continuavam a agredir o grupo de amigos, mas Kib era o que se encontrava em pior estado. “Não são dez seguranças, são dez cães raivosos sóbrios, coordenados, claramente treinados para lutar com aqueles pontapés na cabeça”, escreveu.
Os seguranças começaram a gritar para que o jovem fosse retirado do local, mas o ambiente não ajuda a reações racionais. Uns amigos gritam, outros revoltam-se e Connor tenta permanecer calmo.
“Estou no chão a dar o meu melhor para permanecer calmo enquanto os meus amigos gritam de medo e raiva. Há um grupo de selvagens à minha volta e a gritar para o meu amigo quase inconsciente, pontapeando-nos e a atirar garrafas de água fria para a cara dele”, recorda.
Os amigos conseguiram tirar Kib do local e tentaram reanimá-lo num muro perto da discoteca. Nessa altura um dos seguranças aproxima-se e diz que uma das raparigas filmou o momento. “Ele agarrou no telemóvel dela, bate-lhe e atira o telemóvel para a água antes de regressar para a discoteca”, conta Connor.
Nessa altura, quando a jovem estava a gritar com o segurança, Connor mete-se entre ambos e leva quatro murros, mesmo quando garante que estava a pedir para se ir embora. Um grupo de seguranças reaproxima-se e começam a agredir novamente Kib, chegaram mesmo a apertar-lhe o pescoço. A polícia é chamada ao local e os seguranças acabam por se afastar.
O jovem que está a relatar a história garante que a polícia confirmou que este tipo de atos era normal mas que não havia nada a fazer. “O processo em tribunal demora entre seis e 12 meses e raramente os turistas ficam esse tempo todo” em Portugal.
“Estes monstros conseguem fazer isto uma ou duas vezes por semana. A polícia, os motoristas do Uber, as avaliações online refletem tudo isto. E nada é feito”, escreveu.
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