"Não gozem com os meus bombeiros", escreve comandante em carta ao Governo
Críticas devem-se ao que o responsável descreve como a inação do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas. “É triste”. É esta a expressão que predomina na carta aberta enviada ao Executivo.
© Reuters
País Marinha Grande
O comandante dos Bombeiros Voluntários da Marinha Grande escreveu uma carta aberta ao Governo, mais precisamente ao ministro da Agricultura, queixando-se por estes estarem a ser “desrespeitados enquanto operacionais”. O conteúdo da missiva foi divulgado no Facebook.
Manuel Nery da Graça começa por dizer que “entidades com rostos e nomes não cuidam nem cumprem o que está legislativamente escrito” e por pedir que “quem tem essas responsabilidades que as assuma e execute”.
“Não ‘gozem’ com os meus bombeiros”, pediu, fazendo uma crítica direta ao Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas. “A tragédia nas matas nacionais era há muito tempo anunciada. É triste para mim, enquanto operacional responsável, sentir que têm de ser os mesmos homens e mulheres, que de forma gratuita combateram as chamas defendendo o que estava muito pouco limpo, a continuar gratuitamente a fazer o trabalho do ICNF. Isto quando existem pessoas a ser pagas através desse mesmo organismo, que continuam a não querer saber delas, descartando a responsabilidade nos bombeiros exaustos”, explica.
As farpas incidem ainda sobre a vigilância pós-rescaldo, “que deverá ser realizada por Sapadores Florestais (ICNF-Matas Nacionais)”. A este respeito, diz o comandante dos Bombeiros Voluntários da Marinha Grande que “é triste que descarreguem mais esse fardo em quem anda exausto. Não lhe compete assumi-la, têm que assegurar todos os outros serviços operacionais que um corpo de bombeiros normalmente faz e tem que recuperar energias, pois os alertas não prometem descanso”.
“E, esquecia-me, é voluntário sem qualquer remuneração”, escreve também, lamentando situações em que o abate de de pinheiros se faz em fase de rescaldo e vigilância, quando deveria ser feito antes.
A revolta de Manuel Nery da Graça deve-se ainda a um sentimento de impotência propiciado por situações que descreve na missiva. “É triste ligarmos para os serviços florestais às 17h03 de sexta-feira, a solicitar-lhes o que a lei determina que façam, e a resposta da senhora que atende ser: ‘O horário de saída é às 17h00 e, além de mais, deram-nos a tarde de sexta para compensar as horas no incêndio’”, contou na carta aberta endereçada ao Ministério da Agricultura.
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