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Mortos, casas destruídas e pessoas em agonia. Pesadelo das chamas voltou

Este domingo foi o “pior dia de incêndios do ano”. O número de fogos ativos fez temer o pior, com a tragédia de Pedrógão Grande ainda bastante viva na memória de todos. O primeiro-ministro reuniu-se de emergência com a Proteção Civil e, além de garantir que a ministra da Administração Interna se vai manter em funções, admitiu também que esta é uma situação que poderá repetir-se uma vez que “não é de um dia para o outro que se vai corrigir um problema que se acumulou ao longo de décadas”.

Mortos, casas destruídas e pessoas em agonia. Pesadelo das chamas voltou
Notícias ao Minuto

06:00 - 16/10/17 por Patrícia Martins Carvalho , Goreti Pera e Andreia Brites Dias

País Incêndios

Às 06h00 desta segunda-feira estavam ativos em Portugal continental 130 incêndios que eram combatidos por 4.897 operacionais apoiados por 1.479 viaturas. No total, e incluído os incêndios em fase de resolução e de conclusão, estão 6.364 operacionais no terreno, com 1.922 viaturas.

Mas durante o dia de domingo chegaram a estar ativos mais de 500 fogos e quase sete mil operacionais envolvidos no combate às chamas que fustigaram a zona centro e norte do país.

As chamas deste domingo tiraram a vida a pelo menos 12 pessoas, de acordo com números ainda não oficiais. No entanto, fonte da Proteção Civil admite que o número poderá ultrapassar as 20 vítimas mortais.

Uma mulher grávida perdeu a vida quando tentava fugir às chamas na A25 junto à estação de serviço de Vouzela, em Aveiro. Dois irmãos com cerca de 40 anos, refere o Observador, morreram em Vale Maior (Penacova) quando tentavam salvar a lenha que se encontrava guardada num barracão.

E sobre outras vítimas mortais pouco se sabe. As únicas informações conhecidas até ao momento apontam para um morto em Oliveira do Hospital (Coimbra) e outro na Sertã (Castelo Branco). A mais recente vítima mortal registou-se em Santa Comba Dão, Viseu, durante a madrugada. Mais três mortos confirmados em Vouzela. Duas pessoas morreram também em Penacova, distrito de Coimbra, uma na Sertã, no distrito de Castelo Branco, duas em Oliveira do Hospital e uma em Nelas, distrito de Viseu.

As situações mais dramáticas ocorreram entre a tarde de ontem e o início da madrugada de hoje. Saliente-se ainda que esta manhã, 25 estradas permaneciam cortadas.

Em Castelo de Paiva as chamas estiveram às portas da cidade com o presidente da Câmara Municipal a descrever a situação como o “fim do mundo”. "Nunca vi uma coisa assim. Está tudo a arder. Tudo”, disse ao Notícias ao Minuto.

Ao mesmo tempo, em Aveiro, as chamas consumiam casas e obrigavam à retirada dos populares para locais seguros longe do fogo.

Em Santa Comba Dão as chamas também estiveram muito perto das populações, tendo chegado a rodear a Escola Secundária o que fez temer o pior devido ao tanque de gás colocado junto à instituição de ensino.

Também em Tondela e Oliveira do Hospital arderam casas. Nesta última, unidades fabris, um solar, uma serração e uma escola sucumbiram às chamas.

Na Marinha Grande o fornecimento da água foi interrompido, o parque de campismo de Praia da Vieira destruído e a praia evacuada. Também a Praia da Tocha, em Cantanhede, foi evacuada depois de as chamas, que deflagraram em Quiaios, na Figueira da Foz, terem alcançado aquela localidade.

No distrito de Leiria as chamas não pouparam o histórico pinhal e aproximaram-se perigosamente da Base Aérea n.º 5 de Monte Real, mas a situação foi controlada a tempo e os aviões F16 não precisaram de abandonar o local.

Os habitantes da cidade de Braga também viveram momentos de aflição quando as chamas chegaram às portas da cidade. Um hotel chegou a ser evacuado e um pavilhão do parque industrial no Lugar do Barral também sucumbiu ao fogo.

Situação semelhante registou-se em Gouveia, no distrito da Guarda, onde as chamas entraram no perímetro urbano, tendo destruído casas e deixado várias pessoas desalojadas.

Momentos de pânico foram também aqueles que se viveram em Arganil, Monção e Seia cujos incêndios chegaram a estar incontroláveis, segundo descrição dos bombeiros.

Comunicações

As comunicações voltaram a falhar, nomeadamente o SIRESP, nas zonas mais afetadas pelos incêndios, como foi o caso de Viseu, Aveiro e Leiria. O Notícias ao Minuto constatou que ao final da noite era impossível entrar em contacto com a GNR de vários comandos distritais, pois não havia rede e, por isso, era impossível estabelecer o contacto telefónico. 

Declarado o estado de calamidade pública

O primeiro-ministro anunciou, numa conferência de imprensa dada a partir da Autoridade da Proteção Civil, em Carnaxide, que foi declarada calamidade pública em todos os distritos a Norte do rio Tejo.

António Costa frisou que os “meios foram esticados até ao limite” para fazer face aos 523 incêndios que deflagraram ontem”, lembrando que “estamos pelo segundo ano consecutivo com uma seca severa e tivemos hoje temperaturas altas e ventos muito fortes, o que gerou a propagação dos incêndios”, acrescentou, dizendo que “em 2017 já foram identificadas e detidas mais pessoas por suspeitas de crime de incêndio florestal”.

Também o secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes, pediu às comunidades para que ajam pelos próprios meios no combate às chamas. "Não podemos ficar à espera dos bombeiros. Temos que nos autoproteger", afirmou Jorge Gomes, em declarações à SIC Notícias.

[Última atualização às 09h00] 

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