"O dinheiro que entra em Portugal vem da colónia que o país dominou"
Portugal colonizou Angola mas, agora, o poder do dinheiro parece ter mudado o rumo da História. Esta é, pelo menos, a conclusão de uma reportagem publicada esta terça-feira pelo jornal brasileiro Estadão.
© Getty Images
País Estadão
"Alguns portugueses dizem que o colonizador foi colonizado”, é assim que começa a reportagem do jornal Estadão sobre o facto de Angola, nomeadamente pelas mãos dos Rodrigues dos Santos, ser detentora de muitos negócios em Portugal.
Como forma de mostrar a realidade nacional, o meio de comunicação começa por falar de Cascais, o sítio “onde a família real do país costumava passar o verão”, local em que agora se encontra “um novo condomínio de 14 andares se aproxima confiante do mar”, onde “tantos desses apartamentos foram comprados pela elite dirigente angolana”.
Numa alusão à Avenida da Liberdade, em que “a elite angolana compra ternos de grife e bolsas caras a granel”, Isabel dos Santos tem um escritório, bem perto da Louis Vuitton. A filha de José Eduardo dos Santos “tornou-se uma das figuras mais poderosas de Portugal ao comprar grandes fatias das indústrias de media, de energia e bancária do país”, escreve-se.
“O dinheiro que entra em Portugal vem da colónia que o país dominou (às vezes com brutalidade) durante centenas de anos, Angola”, prossegue o jornal brasileiro, adiantando que a elite angolana “lucrou tanto durante o governo do presidente (e transferiu tanto desse dinheiro a Portugal) que, quando os angolanos ameaçaram romper laços com os portugueses nos anos recentes por causa de investigações de corrupção contra autoridades de Angola, o ministro português das relações exteriores pediu desculpas”.
A crise financeira portuguesa e o momento próspero que Angola viveu a reboque do petróleo parecem ter mudado o rumo à História. “Foi uma reviravolta extraordinária para um país que foi dominado por Portugal durante séculos, que explorou Angola no comércio de escravos e recursos naturais, caindo em seguida em um longo conflito civil exacerbado pela Guerra Fria”, remata o Estadão.
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