Jaime Marta Soares, presidente da Liga dos Bombeiros, manifestou esta terça-feira desagrado em relação ao facto de ser a Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) a liderar um inquérito no caso da polémica que envolve as refeições fornecidas aos bombeiros durante os grandes incêndios que assolaram o país.
Na antena da RTP3, Jaime Marta Soares começa por dizer que a Liga está perfeitamente de acordo com a manifestação feita pelos homens e mulheres no terreno" e que é "absolutamente inaceitável este tipo de alimentação", cuja qualidade deixou muito a desejar.
O presidente da Liga concorda que se faça um inquérito, "mas não como a secretaria de Estado [do Ministério da Adminsitração Interna] entendeu fazê-lo". Marta Soares conta que, logo que o problema se colocou, confrontou a secretaria de Estado "se não seria melhor fazer uma reunião no terreno com os comandantes, presidentes de direção, presidentes de câmara".
A proposta da Liga dos Bombeiros não foi aceite, tendo ficado a ANPC responsável por liderar um inquérito que estará concluído até ao final do mês de setembro. Ora, para Marta Soares, é "incrível como é que uma entidade, ela própria envolvida no processo", lidera o inquérito. Aliás, para o presidente da Liga é a Proteção Civil é a "maior responsável", na medida em que é esta a entidade que coordena e comanda os bombeiros.
Ser a ANPC a liderar o inquérito é, para Marta Soares, "uma fuga para a frente". "É ser juiz em causa própria", critica, sublinhando que este inquérito devia ser conforme a Liga sugeriu: "Ir de imediato ao terreno resolver o problema. Assim é que havia transparência e independência". "A ANPC não quis entregar a uma comissão independente, onde deveria estar a Liga, e, no sentido de limpar as mãos como Pilatos, definiu logo a estratégia", conclui, avisando que os bombeiros não são funcionários da Proteção Civil, "estão ao serviço do país".