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Feriado trágico na Madeira: A árvore da discórdia que ceifou 13 vidas

O balanço da queda de uma árvore no Funchal, no decurso de cerimónias religiosas, é trágico. Diversas versões contraditórias têm surgido.

Feriado trágico na Madeira: A árvore da discórdia que ceifou 13 vidas
Notícias ao Minuto

08:30 - 16/08/17 por Inês André de Figueiredo

País Funchal

O feriado de 15 de agosto, dia em que se comemora a Nossa Senhora da Assunção, ficou marcado por uma tragédia no Largo da Fonte, no Funchal, onde centenas de fiéis aguardavam o início da procissão das Festas de Nossa Senhora do Monte.

Por volta das 12 horas, um carvalho velho de grande porte caiu e atingiu dezenas de pessoas, numa zona em que os fiéis compravam velas para levar na procissão. Morreram 13 pessoas e 49 ficaram feridas, sendo que 7 permanecem ainda internadas.

Entre os mortos está uma criança que chegou aos serviços de urgência já cadáver e dois adultos que morreram já no hospital. As outras 10 vítimas mortais foram declaradas ainda no local do acidente.

Há ainda cinco feridos estrangeiros, quatro deles entraram no hospital em estado grave, sendo que um de nacionalidade francesa faleceu no local e um húngaro veio a morrer já no hospital.

A tragédia levou a que as mais altas entidades do Estado português reagissem rapidamente, com Marcelo Rebelo de Sousa a deslocar-se ao local e a referir que estamos perante o “tempo da dor” e que o apuramento de responsabilidades deve ficar para mais tarde.

"A mensagem é a de um abraço muito, muito grande, muito amigo, de conforto, conforto pessoal, sobretudo para os que mais sofreram e mais sofrem, e de conforto comunitário, para todos os que formam esta comunidade, num momento que é ao mesmo tempo de choque, de dor e de muita preocupação ainda para aqueles que têm ainda familiares seus hospitalizados e em recuperação", disse.

Também António Costa reagiu pouco tempo depois da tragédia, através do Twitter, expressando as condolências pelas vítimas do acidente, nomeadamente a familiares e amigos.

Na Madeira, no local do trágico acidente, rapidamente se deu início a uma onda de críticas dirigidas às entidades responsáveis, com acusações de que o caso das árvores velhas estava sinalizado há muito.

O carvalho em causa tinha 200 anos e estava numa zona em que existem também plátanos. Segundo alguns testemunhos, a árvore estaria amarrada com cabos e a segurar outra, o que poderá ter ajudado a desencadear a queda, mas o presidente da autarquia desmente. “A árvore que caiu não estava amarrada a qualquer cabo”, frisou, acrescentando que as árvores presas por um cabo são um plátano, um loureiro e um til, por ordem da anterior vereação, liderada por Miguel Albuquerque, e que “não foram afetados”.

De acordo com o jornal Funchal Notícias, em março do presente ano caiu um galho de grande porte precisamente no mesmo local. “Um dia destes há uma desgraça e ninguém é responsável”, alertava na altura António Mendonça, único residente no Monte.

Além dos cidadãos, a presidente da Junta de Freguesia do Monte, Idalina Silva, reiterou que o caso foi reportado à Câmara Municipal do Funchal, referindo ainda que as árvores do local não eram desbastadas “há muito tempo”.

Nesta senda, a autarca referiu ainda que foram apresentados pedidos de intervenção à Câmara, uma informação que já havia sido noticiada pelo Jornal da Madeira, estando anexadas fotografias dos documentos oficiais.

Por parte da Câmara Municipal do Funchal, surgiu o desmentido pela voz do presidente Paulo Cafôfo. Frisando que está preparado para “assumir todas responsabilidades que tiver de assumir”, o autarca sublinhou que o carvalho em causa não estava sinalizado por nenhuma entidade ou cidadão.

O presidente de Câmara explicou ainda que a árvore que caiu era um carvalho que “aparentava boa saúde, até pela copa verde que tinha” e que os “técnicos têm feito intervenções sistemáticas”. “Há um histórico há anos de queda de galhos de plátanos, nunca houve referência a outras árvores”, acrescentou.

O Ministério Público veio, entretanto, anunciar a instauração de um inquérito na sequência da queda da árvore no Largo da Fonte, para perceber o que terá levado à queda da árvore, por forma a apurar responsabilidades.

O Governo Regional da Madeira decretou três dias de luto (16, 17 e 18 de agosto) após a tragédia.

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