Até final de séc. XXI ondas de calor podem matar 4.000 portugueses ao ano
As ondas de calor poderão provocar em Portugal mais de 4.000 mortes anuais perto do final do século, segundo projeções de um estudo divulgado hoje na publicação científica The Lancet Planetary Health.
© Reuters
País Clima
O estudo, realizado por investigadores do European Commission Joint Research Centre, da Comissão Europeia, nomeadamente pelo português Filipe Batista e Silva, analisa os efeitos de ondas de calor e frio, incêndios florestais, secas, inundações e tempestades de vento nos 28 países da União Europeia, na Suíça, na Noruega e na Islândia.
Os cientistas avaliaram 2.300 registos de desastres naturais de 1981 a 2010, incluindo o tipo de desastre, o ano e o país onde ocorreu e o número de mortos causados, para estimar a vulnerabilidade da população a cada um dos fenómenos climáticos severos.
Posteriormente, combinaram os dados com projeções de como as alterações climáticas podem progredir e de como as populações podem aumentar ou migrar entre 2071 e 2100.
Para Portugal, as estimativas apontam para um aumento do número de mortes resultantes de ondas de calor, de 91 por ano, no período 1981-2010, para 4.555 anuais, em 2071-2100.
As ondas de calor são, de acordo com o estudo, o fenómeno meteorológico mais letal para o país.
As projeções foram calculadas partindo do pressuposto de que não haverá redução das emissões de gases com efeito de estufa e melhorias nas medidas que ajudem a diminuir o impacto dos fenómenos meteorológicos extremos, como planeamento urbano, uso sustentado do solo ou isolamento térmico de edifícios.
O estudo ignora os efeitos do envelhecimento da população ou do crescimento económico, que podem alterar o impacto dos desastres naturais nas pessoas.
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