Meteorologia

  • 25 ABRIL 2024
Tempo
13º
MIN 13º MÁX 19º

Investigação de Guimarães ajuda em diagnóstico da Doença de Pompe

Uma "investigação inovadora" liderada por uma pneumologista do Hospital de Guimarães concluiu que a Doença de Pompe "tem que ser considerada" em todos os doentes com paralisia do diafragma, ajudando no diagnóstico precoce daquela enfermidade.

Investigação de Guimarães ajuda em diagnóstico da Doença de Pompe
Notícias ao Minuto

17:50 - 20/07/17 por Lusa

País Hospital

Em declarações à Lusa, Maria José Guimarães, que liderou o trabalho científico "Prevalence of late-onset pompe disease in Portuguese patients with diaphragmatic paralysis - DIPPER study", recentemente publicado num portal de investigação clínica internacional, explicou, "em termos simples", que a Doença de Pompe é uma doença rara caracterizada pela "falta de uma enzima responsável por degradar o glicogénio", levando as células musculares a acumular gordura e a deixar de funcionar "o que leva à perda de força".

Segundo a clínica, a investigação centrou-se em 18 casos de doentes com paresia do diafragma - "diafragma elevado, que não baixa com a respiração e obriga o doente a forçar para que baixe" - sem explicação aparente, tendo sido diagnosticada a Doença de Pompe em quatro daqueles pacientes.

"Foi uma investigação inovadora, porque pesquisou de forma original a incidência da doença em doentes que tinham o diafragma parado e não se sabia qual é a causa", explicou Maria José Guimarães.

A investigação envolveu um trabalho "multicêntrico, que contou com a participação de outros investigadores de dez hospitais do país" e levou a que se diagnosticasse a Pompe em quatro pacientes.

"A nível nacional há apenas 30 casos diagnosticados, por isso o impacto foi muito grande, daí o reconhecimento científico que o trabalho teve", explicou.

A investigadora explicou que o objetivo era "criar um protocolo específico para que em doentes com paresia de diafragma, sem causa aparente, e em que tudo já foi despistado, fosse procurada a Doença de Pompe".

O objetivo não foi conseguido -- "porque houve doentes que fizeram a determinação da enzima" e, por isso, não foi possível quer diagnosticá-los, quer criar um protocolo, mas, para a investigadora, foram atingidas conclusões importantes.

"A conclusão do estudo é que todos os doentes com paresia diafragmática devem fazer despiste para doença de Pompe. Conseguimos que a partir de agora a doença de Pompe seja considerada em todos os doentes com paresia do diafragma desconhecida", salientou.

Esta nova abordagem pode levar ao diagnóstico precoce desta doença rara - a taxa de incidência é de um para 40 mil -- uma vez que, embora seja fácil de diagnosticar, só é procurada "muito tempo depois", num processo que chega a demorar "quase 10 anos".

Além da paresia do diafragma, a Doença de Pompe tem outras manifestações como "grande dificuldade em sentar e levantar, a marcha alterada em que o pé fica pendente, sintomas que facilmente se atribuem a outras patologias, como problemas de coluna, por exemplo".

A Doença de Pompe, explicou, "é altamente incapacitante", sendo que 290% dos doentes acabam em cadeira de rodas e 60% a precisar de máquinas para respirar, suporte ventilatório", pelo que o diagnóstico precoce assume particular importância, embora não seja ainda conhecida uma cura.

Mas, refere o Hospital de Guimarães em comunicado, "existe um tratamento dirigido à própria doença que ajuda a controlar e reduzir de forma significativa os sintomas dos doentes: a terapêutica de substituição enzimática" que, conjuntamente com "o manuseamento e tratamento por uma equipa multidisciplinar especializada, poderão levar a uma melhoria dos sintomas".

Recomendados para si

;
Campo obrigatório