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Legumes produzidos na Prisão-Escola de Leiria vendidos ao público

O Estabelecimento Prisional de Leiria (EPL), conhecido como Prisão-Escola, decidiu abrir uma loja e aí vender os produtos hortícolas produzidos na Quinta Lagar d'El Rei, em terrenos que pertencem à cadeia destinada a jovens.

Legumes produzidos na Prisão-Escola de Leiria vendidos ao público
Notícias ao Minuto

11:14 - 15/07/17 por Lusa

País Agricultura

Curgetes, cebolas, tomates, alho francês, couves, espinafres, pimentos e muitos outros legumes são colhidos logo pela manhã pelos reclusos que integram a brigada agrícola. Os produtos, produzidos pelos detidos, são depois levados para a Loja da Quinta, um espaço que abriu, no final do mês de junho, na garagem da antiga casa do diretor, a poucos metros do portão da Prisão-Escola.

"Já vendíamos a algumas pessoas que vinham cá e aos funcionários. Assim, é um serviço que prestamos à comunidade de Leiria. Temos tido uma grande adesão, porque quando as pessoas estão a comprar qualquer coisa estão a comprar também a ideia da reinserção social", afirmou à agência Lusa o diretor do EPL, José Ricardo Nunes, ao explicar que o dinheiro das vendas é "reinvestido depois nas atividades económicas".

A responsável pela Loja da Quinta, Eva Sousa, revelou que têm uma média de 35 a 40 clientes em cada dia. "As pessoas procuram-nos pela causa social, mas também pela frescura dos produtos".

Três clientes confirmaram isso mesmo, em declarações à Lusa.

"O que nos move não é um interesse lucrativo. É dar ocupação construtiva a reclusos e dar um sinal de abertura à comunidade. Interessa-nos o valor do trabalho, a possibilidade de respeitar horários, assumirem responsabilidades, cumprirem tarefas, responderem por aquilo que estão a fazer e criarem hábitos", acrescentou.

Os 83 hectares de terrenos férteis do EPL incluem uma plantação de milho e vinhas, de onde saem as uvas de mesa e para produzir vinho branco e tinto, processo que é todo realizado nas instalações da cadeia. Noutro terreno, está a capoeira, onde as galinhas põem os ovos, que também são vendidos.

"No ano passado produzimos 14 mil litros de vinho e 200 litros de azeite. Também vendemos 32 mil quilos de lenha", adiantou o diretor adjunto.

"Toda a produção é integrada e certificada, pois cumpre todas as boas práticas agrícolas", assegura José Rodrigues, acrescentando que as produções espontâneas, como amoras, chá príncipe ou orégãos, vão ser aproveitadas para venda.

São cerca de 15 jovens que trabalham diariamente na agricultura, cumprindo um horário de trabalho, que é remunerado de acordo com a tabela legal dos serviços prisionais.

O 'know how' é, por vezes, um problema, apesar de terem o apoio de um engenheiro agrário e de um enólogo. Os jovens, "sobretudo os que vêm de grandes cidades", têm "pouco conhecimento" sobre agricultura. Por isso, por vezes, há transferência de reclusos mais velhos de outros estabelecimentos prisionais para este, quando há pedidos para trabalhar na área agrícola.

Foi o caso de Sebastião Tomás, que estava no Estabelecimento Prisional Regional de Leiria. Natural de Óbidos, mas a viver em Ansião, no distrito de Leiria, o detido de 56 anos recebeu a proposta para ir para a cadeia dos mais jovens.

"Nasci na agricultura e gosto deste trabalho. Aqui, sempre é um regime mais aberto e estou mais ocupado, passo o tempo melhor e apanho mais ar".

"Se não fosse estar preso, não me importava de continuar aqui", confessou, salientando que "este projeto é muito bom porque dá aos jovens uma oportunidade de aprenderem alguma coisa".

O projeto está dependente da mão-de-obra. "Há sempre pessoas para trabalhar, mas nem sempre se tem a qualidade desejada", constata José Rodrigues.

Leandro Tavares, 20 anos, é de Lisboa, aceitou o desafio de trabalhar na loja. "É uma maneira de estar integrado na sociedade e do tempo passar mais rápido. Aqui contacto com outras pessoas e tento esquecer que há uma vida lá fora".

A Loja da Quinta funciona às segundas e quartas-feiras, das 12:00 às 16:30, e às sextas-feiras, das 10 às 14:00 com preços "um pouco abaixo do mercado", refere José Rodrigues.

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