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Tancos: Material furtado "dá quase para começar uma guerra"

As armas furtadas em Tancos têm “enorme poder de destruição”. Ao Notícias ao Minuto, um especialista explicou que, dada a complexidade, até mesmo o transporte tem de ser feito por alguém entendido em armamento. Há “o risco de haver uma explosão acidental”, justificou.

Tancos: Material furtado "dá quase para começar uma guerra"
Notícias ao Minuto

08:45 - 05/07/17 por Goreti Pera

País Exército

Quatro dias após o furto de maior dimensão de material de guerra registado em Portugal, um jornal espanhol divulgou a lista de tudo o que desapareceu dos paióis da base militar de Tancos. 

Ao Notícias ao Minuto, um especialista em armamento, que preferiu preservar o anonimato, explicou que está em causa material com um “enorme poder de destruição”. As armas mais destrutivas serão as mais de 100 granadas de mão, as 264 unidades de explosivo plástico e as 44 granadas foguete antitanque carro – LAW.

Estas últimas têm, como o nome indica, capacidade para perfurar tanques de guerra, helicópteros e carros blindados. Mas há outros equipamentos que, “quando combinados, podem causar grandes estragos”. “Cargas explosivas combinadas e devidamente distribuídas podem destruir prédios e provocar danos em pontes, permitem armadilhar carros ou barcos, por exemplo”, alertou.

“As bobinas de fio de tração com explosivo plástico são aquilo a que se chama uma armadilha. Esta é colocada num determinado sítio, alguém tropeça no fio, ativa o detonador e faz detonar a carga. E 100 gramas de explosivo plástico permitem destruir uma máquina de lavar a roupa. Foram furtados alguns quilos. Tudo isto é preocupante. Está em causa material que dá quase para começar uma guerra”, acrescentou, referindo-se ao que diz ser “material muito complexo”.

Armamento com grande complexidade e (comparativamente) pequena dimensão

O especialista ouvido pelo Notícias ao Minuto não é indiferente ao facto de, juntamente com as granadas mais destrutivas, terem sido furtadas as respetivas espoletas. “Se não tivessem as espoleta eram inertes”, alerta, convicto de que “um furto desta natureza tem necessariamente de ter sido levado a cabo por alguém entendido em armamento”.

É de referir que há material que tem de ser transportado separadamente: “Tudo o que tem carga explosiva está sujeito a detonar, tem de ser transportado com alguns cuidados, tem de estar isolado não pode estar em contacto com chapa, com eletricidade estática…”.

A título de exemplo, sublinhe-se que “o transporte de cargas explosivas não pode ser feito juntamente com o transporte dos detonadores”. “Não quer isto dizer que tenham de seguir em diferentes camiões, mas que têm de ser transportados em caixas separadas, por alguém que saiba o que está a fazer, para não haver o risco de haver uma explosão acidental”, afirmou.

Mas, tratando-se de um arsenal de guerra com tal capacidade de destruição, como foi possível retirá-lo das instalações do Exército sem deixar rasto? O tamanho, elucidou o especialista ouvido pelo Notícias ao Minuto, “não é comparável aos danos que pode causar”.

“Duas carrinhas de mercadorias poderão ter sido suficientes para transportar todo o equipamento. Os LAW são o que ocupa mais espaço, poderão encher uma carrinha. Mas tudo o resto tem uma dimensão relativamente reduzida e pode caber noutra carrinha ou camião, por exemplo”, sustentou.

Consumado o furto, considera o perito que, ainda que haja armas que “podem ser transportadas num automóvel”, “será difícil dissimular esta quantidade de material para o retirar do país” devido aos esforços encetados pelas autoridades.

“Se o armamento não tiver sido retirado do país imediatamente após o furto, acredito que os responsáveis não se atrevam a fazê-lo neste momento. É possível que aguardem algum tempo até se arriscarem a retirá-lo de Portugal”, rematou.

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