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"É impossível que as autoridades estejam a esconder números da tragédia"

O balanço mais recente da tragédia que se abateu sobre a região centro do país desde sábado aponta para 64 vítimas mortais e mais de 200 feridos.

"É impossível que as autoridades estejam a esconder números da tragédia"
Notícias ao Minuto

23:50 - 23/06/17 por Patrícia Martins Carvalho

País Duarte Caldeira

Duarte Caldeira diz “prontamente” que não é possível que as autoridades estejam a esconder os números reais da tragédia, até porque, alertou, isso é uma “prática do regime fascista”.

“Não acredito nisso. Num Estado de direito democrático isso é absolutamente inadmissível e não acredito que possa ser verdade, é absolutamente impossível”, disse em entrevista ao Notícias ao Minuto.

E embora não tenha sido ainda feito o reconhecimento de todas as povoações afetadas pelas chamas, o presidente do Centro de Estudos de Intervenção e Proteção Civil acredita que o número de mortos não irá aumentar numa “escala que venha a agravar substancialmente o já grave número de vítimas mortais” conhecido até ao momento.

Por ser o ex-presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, Duarte Caldeira conhece esta realidade de perto e, por isso, garante que “não há bombeiros a receber um salário, isso é uma falsidade”.

O que acontece, refere, é que é pago aos bombeiros voluntários um prémio de disponibilidade.

Este prémio, explica, trata-se de 1,85 euros pagos à hora, mas ainda assim, o responsável garante que é “errado o cálculo de que os bombeiros recebem 45 euros por dia”, pois “os corpos de bombeiros organizam-se para que a disponibilidade dos voluntários não exceda as oito horas diárias”.

Quanto ao valor em causa, Duarte Caldeira diz que este “não é consentâneo com os riscos a que os bombeiros estão expostos”.

Só quem nunca esteve a paredes meias com as chamas não sabe avaliar o que é o esforço físico e psicológico a que estes homens e mulheres estão sujeitos

Quanto aos meios de que dispõem atualmente as corporações, o ex-presidente da Liga dos Bombeiros garante que o “problema hoje é de recursos humanos e não de equipamentos”, defendendo que é “preciso dotar todos os corpos de bombeiros do país, sem exceção, de equipas de intervenção permanente, que é como se chamam os bombeiros profissionais dos corpos de bombeiros voluntários”.

Todas as corporações de bombeiros voluntários do país precisam de ter uma base profissionalizada porque o cidadão que vive numa aldeia tem o mesmo direito a ser socorrido com qualidade e prontidão como tem o cidadão que vive numa cidade. A vida das pessoas não tem preço, por isso, não pode ser feita uma mera contabilidade do valor da vida em razão do valor que se gasta em ter ou não bombeiros profissionais nos corpos de bombeiros voluntários

E por falar em bombeiros, Duarte Caldeira diz que “não há” qualquer polémica em relação aos profissionais que vieram da Galiza e que foram impedidos de participar nos esforços de combate ao incêndio em Pedrógão Grande.

“Há uma grande diferença entre voluntariado e voluntarismo. O voluntarismo é o voluntariado anárquico. Grupos não organizados de voluntários até se podem deslocar com os próprios meios para uma ocorrência, mas depois no teatro de operações têm de ser enquadrados na resposta local, precisam de ficar subordinados a uma hierarquia local e têm que ter missões úteis, não podem ficar entregues a eles próprios”, diz.

Por isso, adverte, “isto não pode ser feito assim”, questionando: “E se eles morressem no teatro de operações? De quem era a responsabilidade?”.

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