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"Se não há ninguém aí é porque não há meios". Relato de súplica ignorada

Moradora local acusa os serviçoes de emergência de ignorar pedidos de ajuda. “Se os bombeiros não estão aí é porque não há meios”, disseram-lhe.

"Se não há ninguém aí é porque não há meios". Relato de súplica ignorada
Notícias ao Minuto

16:22 - 18/06/17 por Patrícia Martins Carvalho e Carolina Rico

País Pedrógão Grande

O incêndio que ainda deflagra em Pedrógão Grande está longe de estar sob controlo. Há cerca de 700 operacionais no terreno, mas do local chegam relatos de pedidos de ajuda não atendidos.

Ao Notícias ao Minuto, Armanda Barbosa lamenta as grandes dificuldades sentidas ao longo da noite de ontem e madrugada de hoje.

“Foi horrível. Fiquei completamente cercada de fogo. Supliquei desde as 2h00 da manhã e nem um bombeiro. Às 16h40 vimos três frentes ao longe e às 17h30 já estávamos cercados”.

Armanda, de 30 anos, mora em Lisboa mas tem casa em Troviscais Fundeiros, onde foi passar o fim de semana.

“As fagulhas pegaram fogo ao meu quintal”, contou. Foi o seu pai que apagou as chamas, com ajuda de uma mangueira. “Conseguimos apagar o fogo da nossa zona toda e salvar a minha casa”.

“Às 17h30 a minha mãe ligou para a Proteção Civil para irem buscar as minhas sobrinhas mas nunca ninguém apareceu”.

“Entre as 22h00 e as 23h00 começou a arder uma casa. Não podíamos fazer nada nessa altura, os bombeiros estavam nas encostas […] fomos chamar os bombeiros, veio um carro mas não apagou as chamas”.

Ligámos para o 112 e a resposta foi ‘se os bombeiros não estão aí é porque não há meios’. Expliquei que se aquela casa ardesse arderiam as outras todas e responderam-me que muita gente já tinha perdido casas e a própria e vida e desligaram”.

A falta de ajuda repetiu-se ao longo da noite. Apenas os moradores se mobilizaram no combate às chamas na zona e Armanda acabou por ficar ferida.

“Estivemos da meia noite às 6h00 a suplicar ajuda e ninguém apareceu. As 4h00 fui ao posto médico. Já não tinha forças. A pele das costas rebentou com o calor e não conseguia respirar”.

Os vizinhos de Armanda Barbosa podem fazer parte das pelo menos 61 vítimas mortais deste incêndio. Segundo a mesma estão desaparecidos, “fugiram de carro mas não apareceram em lado nenhum”.

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