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Margarida Martins deixa direção da Abraço após 21 anos de luta

Ao fim de 21 anos à frente da Abraço, assinalados na quarta-feira, Margarida Martins deixa a presidência da associação para abraçar um novo desafio e candidatar-se à presidência de Junta de Freguesia de Arroios, em Lisboa.

Margarida Martins deixa direção da Abraço após 21 anos de luta
Notícias ao Minuto

13:46 - 04/06/13 por Lusa

País Sida

O envolvimento de Margarida Martins na luta contra a sida começou em 1991 na unidade de doenças infeciosas do Hospital Egas Moniz, onde, juntamente com um pequeno grupo de voluntários, dava apoio a seropositivos ali internados.

Um ano depois, a 05 de junho de 1992, era criada a Abraço – Associação de Apoio a Pessoas com VIH/Sida. Passados 21 anos, Margarida Martins disse à agência Lusa que sai da presidência da associação convicta do “bom trabalho” que a associação faz em prol dos doentes e apenas lamenta não ter havido ao longos dos anos, por parte dos sucessivos governos, uma política de prevenção da doença.

“Ao longo destes anos muita coisa mudou, a forma de estar, as pessoas poderem trabalhar, ter a sua vida”. A Abraço conseguiu “mudar hospitais, mudar atitudes de médicos”, disse.

“Há uma série de vertentes que muitas vezes as pessoas não conhecem, mas é um trabalho que tem sido muito importante na defesa das pessoas seropositivas, dos seus direitos, das suas medicações, na defesa de tudo o que tem a ver com esta área”, sublinhou.

Este trabalho em prol dos seropositivos e das suas famílias passa pelo apoio domiciliário, pelo apoio às crianças seropositivas e filhas de pais seropositivos, por uma casa de acolhimento para pessoas acamadas e apartamentos para situações de emergência, entre outras valências.

Para Margarida, o “melhor” nesta batalha contra a doença é “ver que as pessoas estão vivas ao fim de 21 anos, que estão com as suas famílias e que as crianças seropositivas e filhas de pais seropositivos têm futuro”.

O “menos bom” foi a falta de uma aposta na prevenção da doença: “A pressão que as associações têm feito aos governos não tem sido manifestamente suficiente”.

“O grande erro dos governos que passaram ao longo dos últimos 21 anos” foi não terem feito esta aposta, lamentou.

Sobre a saída da presidência da associação, Margarida Martins disse que “nunca vai deixar esta luta”, justificando:“A Abraço é a minha filha mais velha”.

“Morreria se ela morresse por qualquer motivo, mas, neste momento, sou candidata à junta de freguesia de Arroios, que me está a dar muito gozo, porque estou a conhecer a cidade e os seus problemas, que quero ajudar a resolver”, disse.

Por outro lado, “tem de haver sangue novo” na associação e há pessoas na Abraço com capacidade para assumir a sua direção, disse, avançando que as eleições para eleger a nova direção deverão ocorrer em novembro.

“Mas vou ficar sempre na associação empenhada e a fazer coisas”, disse, acrescentando: “Desaparecer da associação era destruir-me completamente”.

“Eu sou lutadora, vou continuar a lutar na Abraço, como vou continuar a lutar por outras situações, como a situação dos sem-abrigo, dos idosos e das crianças e por uma cidade que está envelhecida”, salientou.

Os 21 anos da associação vão ser assinalados com o lançamento do livro “21 Cartas de Amor”, cujo prefácio é assinado por Margarida Martins.

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