��Plie, esticou. Plie esticou’… É assim que se começa a aprender na Academia de Ballet Annarella, mas os voos são bem mais altos e os alunos desta escola não param de brilhar. No fundo, o mundo do ballet está rendido ao nome Annarella e esta escola situada em Leiria foi mesmo eleita a melhor do mundo com o prémio ‘Outstanding school award’, atribuído pelo ‘Youth America Grand Prix’, em Nova Iorque.

A dona e professora da escola, Annarella Roura Sanchez, é cubana e está em Portugal há muitos anos, tendo começado uma aventura no ensino em 1998. A escola foi crescendo, passou por várias fases e, em 2014, dividiu-se entre um conservatório internacional e uma escola que os alunos podem frequentar apenas de forma lúdica.

As regras, a disciplina e os treinos são as palavras de ordem no momento de dançar e para isto já vêm alunos um pouco de todo o país, mas também de vários pontos do mundo.

Em conversa com o Notícias ao Minuto, Annarella Roura Sanchez conta que a academia aposta em professores “credenciados e com muita experiência em formar outros bailarinos” e tem um apoio incondicional dos pais para que as crianças estejam focadas. Fisioterapia e nutricionismo fazem também parte dos planos da academia para os jovens, para que mantenham em boa forma física e previnam lesões.

A escola tem “bailarinos conceituados no mundo que já representaram em espetáculos de excelência”. “Faço uma pesquisa e tento que tudo o que é muito bom no mundo venha para aqui e penso que é isso que traz o sucesso”, explica.

A professora garante ainda que a grande maioria dos alunos está motivada e trabalha para cumprir objetivos. “Acima de tudo são os jovens que querem e trabalham para este nível de excelência”, esclarece, assumindo que gostava que Leiria ficasse conhecida como uma espécie de ‘capital da dança’ pelos bons resultados da academia.

O prémio da melhor escola de dança nos ‘Youth America Grand Prix’ levou-a sonhar ainda mais alto. “Este prémio nunca esperava, apanhou-me muito de surpresa. É como o União de Leiria ganhar ao Real Madrid”, atirou em jeito de brincadeira.

Annarella encontra-se agora focada no presente e no futuro, realçando que quer “continuar a formar mais talentos e não ficar só por estes”, pretendendo conseguir o ensino articulado privado para chegar a mais crianças e jovens.

Este trabalho tem surtido efeitos e a academia tem estado nas bocas do país e do mundo devido aos seus bailarinos, principalmente quando muitos têm participado em concursos de talento e sempre causando impacto positivo.

A pedra mais preciosa de todo o tesouro

E se a escola é considerada a melhor do mundo, há um nome de que é impossível não falar quando se aborda o tema Academia de Ballet Annarella. Chama-se António Casalinho, tem 13 anos, e é considerado o melhor bailarino de dança clássica do mundo da sua idade.

A professora recorda que o jovem foi experimentar uma aula no colégio e convidou-o para uma audição. Aí percebeu que António tinha nascido para ser um bailarino. “Ele tinha tudo para ser uma estrela, o físico, as aptidões necessárias para um menino poder entrar na dança clássica”, relembra.

As aulas começaram a fazer parte do dia a dia de Annarella e António. “A princípio ele dizia que não era bem aquilo que queria, tivemos momentos em que estava mais em baixo porque queria simplesmente dançar, mas foi um processo psicológico”, garante, mostrando que houve uma aprendizagem e António começou a perceber que o trabalho o poderia levar mais longe no mundo da dança.

“Fui-lhe mostrando que podia haver bailarinos famosos, que ele podia ser um deles, que podia ter uma boa vida, que os sonhos dele podiam ser realizados a partir do ballet”, disse a professora. Annarella começou a apresentar António em concursos e as reações eram verdadeiramente surpreendentes, todos gostavam do menino.

Foram cinco anos a trabalhar todos os dias, desde a presença assídua em aulas, aos tratamentos do físico, da saúde, da prevenção de lesões. A professora diz tratar-se de um plano “muito cuidadoso” mas que nunca a deixou duvidar.

Os pais foram uma presença fundamental e nunca deixaram o menino deslumbrar-se com os bons resultados conseguidos ao longo dos anos. Escola e pais fizeram-no ver que era bom, mas que não era o único e que a falta de trabalho poderia fazer mudar o rumo da sua curta carreira.

Annarella garante agora que António tem tudo para vingar no mundo da dança e para ser um bailarino profissional. A professora explicou ao Notícias ao Minuto que o jovem tem uma bolsa para usar quando quiser e quando atingir a maioridade poderá fazer a audição para qualquer companhia do mundo.

“O menino nasceu para ser uma estrela, só é preciso continuar a trabalhar”, conclui.