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Adeus, coleção: Vender o que demorou anos a conseguir reunir

Um colecionador de carros em miniatura, um colecionador de selos e um colecionador de tudo um pouco contaram ao Notícias ao Minuto porque se estão a defazer, ou não, daquela que é uma paixão com vários anos.

Adeus, coleção: Vender o que demorou anos a conseguir reunir
Notícias ao Minuto

07:20 - 13/06/17 por Carolina Rico

País Coleção

Aos 66 anos, João Pinto tomou uma decisão: vender os 500 carros à escala que demorou 15 anos a reunir, um por mês, com as moedas que ia poupando. “Daqui a alguns anos vai chegar a minha hora e faz-me confusão que a coleção seja abandonada”.

Aos filhos “não lhes diz nada” e a ideia é deixar a coleção “a alguém que cuide dela”. O preço é fixo: 20 mil euros por toda a coleção e nada de vendas individuais. “Faz-me confusão ver buracos na estante”, diz.

É precisamente esse sentimento de plenitude que o levou, em parte, a aceitar a possibilidade de se desfazer da coleção. “Consegui encontrar todos aqueles que queria”, diz. Carros de competição dos anos 70 a 90, de quando as corridas “se baseavam nos dotes de condução dos pilotos e não em tecnologia”.

Os modelos mais recentes não lhe despertam interesse, por isso, a caça paciente de João Pinto terminou.

O colecionador de coleções

Já para João Casal, de 49 anos, a ‘caça’ nunca está terminada. Pode dizer-se que coleciona coleções.

Está a vender no OLX, ou oferece para a troca, várias das suas coleções, incluindo cerca de 30 mil pins, meio milhão de calendários, porta-chaves, canetas, selos, pacotes de açúcar aos milhares.

“Tenho a casa cheia, mas o o bichinho da coleção continua”. Se passado algumas semanas não encontra uma nova peça, perde o interesse e passa para outra. Há 30 anos que é assim.

É sobretudo o desejo de completar a coleção que o entusiasma. O esforço, como no desporto, compara, de alcançar sempre o próximo objetivo.

Entretanto começou uma nova coleção: emblemas para capas de estudantes universitários, especialmente de clubes desportivos. “Não tenho muitos”, diz, vai nos “700 ou 800”. Começou há cerca de quatro meses “só por carolice, até me dar outra ideia”.

A coleção que mais pena teve de se desfazer foi a de notas antigas portuguesas. À ‘boleia’ desta coleção viajou, passou muito tempo a estudá-las e a catalogá-las e até foi a leilões da Christie’s. Colecionar dinheiro é mais um investimento, explica.

Uma coleção infinita

Desengane-se quem pensa que Hélder Sarmento está a vender a sua vasta coleção de selos. Entre os vendedores de coleções no OLX, no entanto, o sexagenário é quem tem mais anúncios.

Os largos milhares de selos que vende ou dá para a troca são “50 vezes” a sua coleção, que pretende manter. São todos “excedentários”, organizados por temas.

Com um valor superior ao custo de “dois apartamentos”, a coleção de Hélder “deve estar entre as 100 mais completas do mundo”, diz. Os selos que lhe faltam são raros e alguns podem custar milhões.

Foi precisamente o processo necessário para encontrar um selo em falta que originou tão grande quantidade de elementos repetidos. Com o dinheiro que ganha ao vender selos que já tem, Hélder compra lotes por atacado e procura os que lhe interessam. “Um baú fechado é o que motiva, às vezes encontram-se coisas extraordinárias”, conta.

Sete ou oito vezes por mês entra em contacto com casas filatélicas em Portugal e Espanha, que já o conhecem e têm o seu número guardado para o caso de surgir um selo potencialmente interessante.

Hélder herdou a coleção do pai, que por sua vez a herdou do seu pai - três gerações de filatelistas a trabalhar para um mesmo objetivo. Uma coleção destas “tem de ser mexida” e Hélder dedica-lhe seis horas por dia. Já o pai, com 88 anos, passa sete ou oito horas ‘à volta’ dos selos.

É um trabalho por gosto que nunca estará completo: “Todos os anos saem selos novos, é precisamente isso que é atraente”.

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