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Psicanálise: As mães são mesmo as culpadas de tudo?

No divã, seja qual for o problema, a solução começa por desconstruir a relação com a mãe. Porquê? A psicanalista Conceição Tavares explica.

Psicanálise: As mães são mesmo as culpadas de tudo?
Notícias ao Minuto

07:30 - 07/05/17 por Carolina Rico

País Dia da Mãe

Como é relação com a sua mãe?’. A pergunta é quase um cliché entre psicanalistas. Muitas vezes é a primeira feita ao paciente que procura resolver os seus dilemas (mesmo que não tenham nada a ver com a sua mãe).

“A importância dessa pergunta é porque a relação com a mãe é a primeira que se estabelece”, explica ao Notícias ao Minuto Conceição Tavares, da Sociedade Portuguesa de Psicanálise.

“Molda quer a personalidade do individuo, quer o modelo de relação que vai ter com ele próprio e com os outros. É como se fosse uma matriz da personalidade”.

Se uma relação muito conflituosa com a mãe não é boa, uma relação muito próxima e marcada pela dependência também não o é, nota Conceição Tavares. “Há um equilíbrio que tem a ver com a integração de aspetos amorosos e agressivos e a aceitação de uma ligação e uma separação em simultâneo”.

Então é real a ideia de que a culpa é sempre das mãe? A psicanalista faz a distinção: uma coisa é a mãe outra é o ‘materno’. “Há a mãe real e a construção que o indivíduo faz da representação que tem da sua mãe. Não é a mãe real que é culpada, mas a construção que fazemos das nossas vivências”.

Até porque “a função materna não é exclusiva de uma mãe biológica ou de uma mulher”. Uma madrasta, uma mãe adotiva ou um homem pode ter uma função materna. “É uma função, não uma figura, na qual apenas importa o vínculo e a qualidade da relação.”

Cortar o cordão umbilical

Se a mãe é o primeiro amor, com a puberdade esse amor “tem de sair de casa”. O afastamento em relação aos pais é natural e saudável.

“A sociedade atual criou o mito de que não há lugar para a tristezas nem para o conflito, tem de ser tudo perfeito, assético e positivo. Quando crescemos tem de haver lugar também para os afetos negativos”.

A psicanalista Conceição Tavares lembra que as disputas entre pais e filhos são em parte “um teste à solidez das relações”, com os primeiros a pôr os segundos à prova.

“O amor verdadeiro aguenta os ataques. É muito importante que os pais aguentem e não se demitam do seu papel” quando os adolescentes se zangam e os põem em causa ou quando as crianças fazem birras.

Ao procurar a ajuda de um psicanalista, quando questionados a propósito da relação com a mãe muitos interrogam-se “o que é que interessa o passado se não posso mudá-lo?”. Mas pode, diz Conceição Tavares. “Quando vivemos transportamos em nós o passado e atualizamo-lo. Logo, este pode ser transformado”.

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