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Portugueses nos EUA dividem-se quanto a primeiros 100 dias de Trump

Os portugueses nos Estados Unidos da América (EUA) que apoiaram ou criticaram Donald Trump durante a campanha continuam divididos após os primeiros 100 dias da sua presidência, segundo líderes comunitários contactados pela agência Lusa.

Portugueses nos EUA dividem-se quanto a primeiros 100 dias de Trump
Notícias ao Minuto

14:45 - 30/04/17 por Lusa

País Casa Branca

"Acho que a sua performance nestes 100 dias fez com que perdesse algum apoio, mas também fez com que ganhasse algum. Alguns dos que o apoiavam dizem que não se manteve fiel à sua agenda e outros notam como tem sido difícil o seu trabalho com um congresso disfuncional", disse à Lusa Francisco Semião, que integrou a Coligação Nacional para a Diversidade da campanha de Trump.

O luso-americano disse acreditar, no entanto, que fazer uma avaliação justa "é difícil, porque o país continua muito polarizado".

"Quem lhe dê uma boa avaliação, ou má, é imediatamente acusado de ser partidário, porque existe tanto discurso partidário nos media e na vida publica", explicou.

Apesar de ter apoiado Trump durante a campanha, Francisco Semião afirmou que dá uma nota C (negativa, no sistema americano de A a D) à sua prestação como novo presidente dos EUA.

"Se Trump se tivesse focado na sua agenda, teria uma nota melhor. Isto não tem a ver com o facto de eu apoiar a sua agenda, mas com a capacidade de a fazer conseguir cumprir ou não", disse Semião.

Por seu turno, o presidente da Portuguese-American Leadership Council of the United States (PALCUS), Fernando Rosa, disse à Lusa que, "até ao momento, é difícil definir o que é o Presidente Trump" por motivos semelhantes.

"Foi eleito pelo partido Republicano, mas não o representa e não consegue reunir consenso. Tem sido uma administração de contradições. Arranca, para, faz marcha-atrás e deixa os eleitores confusos sobre o que está a ser feito", disse Fernando Rosa, dando como exemplo as mudanças de posição em relação à China, o acordo de comércio NAFTA, Síria ou Coreia do Norte.

Este responsável adiantou que o republicano "é um presidente que representa, sobretudo, o ser do contra e tem como grande objetivo desfazer o que foi feito pela administração anterior".

Fernando Rosa também disse ter detetado uma "luta entre a parte judicial e a parte executiva do Estado como nunca tinha visto" e dá o exemplo do decreto presidencial que visava a proibição de entrada em território norte-americano, dentro de um determinado período, a cidadãos de sete países maioritariamente muçulmanos.

Muito do que foi alcançado durante este período foi através de ordens executivas, uma opção habitualmente criticada pelos conservadores, que acreditam que as grandes mudanças devem acontecer através dos órgãos legislativos.

Nestes três meses, Trump assinou 26 ordens executivas, nas áreas da imigração, segurança, alterações climáticas, saúde, agricultura, tratados comerciais, estímulo à compra dos produtos "made in America" e à contratação de trabalhadores americanos.

"Esta administração não tem desculpas para esta situação. Controla o Senado, a Câmara dos Representantes, o Supremo Tribunal e a Casa Branca", frisou Fernando Rosa, citando o exemplo da reforma de saúde, que o Congresso nem chegou a votar.

"A este respeito, ele tem as pessoas erradas a aconselharem-no e tem de lidar com um grupo inapto de republicanos no Congresso. As pessoas que estão a tentar reformar o sistema de saúde estão a fazê-lo sob um ponto de vista ideológico e não com o propósito de o corrigir", explicou Francisco Semião.

O luso-americano também criticou a reforma fiscal, que está muito atrasada, mas admitiu que aconteceram mudanças positivas e deu como exemplo a segurança da fronteira, onde, apesar de nenhuma lei ter mudado, as entradas ilegais se reduziram significativamente.

"Trump também fez pelo menos mais uma coisa com a qual as pessoas estão contentes: a nomeação de um juiz conservador para o Supremo Tribunal. Isto restabelece o equilibro ao tribunal numa altura em que alguns juízes acreditam ser ativistas e tornaram-se uma extensão do ramo executivo", concluiu.

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