Carlos Silva recomenda aproximação dos sindicatos aos trabalhadores
O secretário-geral da UGT, Carlos Silva, reconheceu que o decréscimo na sindicalização se agravou com a crise económica dos últimos anos e recomendou a aproximação aos trabalhadores, prática que tem seguido e que resultou no aumento da filiação.
© Reuters
País UGT
Carlos Silva, quase a terminar o seu primeiro mandato como secretário-geral da UGT, garantiu, em entrevista à agência Lusa, que conseguiu concretizar o objetivo que defendeu quando foi eleito, em abril de 2013.
Na altura, preconizou para a UGT um sindicalismo mais interventivo, com mais protestos nas ruas e mais próximo dos trabalhadores, nos locais de trabalho.
Para concretizar o objetivo, ao longo dos últimos quatro anos Carlos Silva visitou empresas por todo o país, contactando com comissões de trabalhadores e delegados dos sindicatos da UGT, assim como representantes das empresas. Não fez plenários porque não sentiu necessidade disso, mas ouviu os desabafos e as críticas dos trabalhadores no terreno.
"Consegui que uma grande parte dos sindicatos tivesse aumentado o seu número de filiados. Aliás, muitos secretários-gerais têm-me dito que [isso aconteceu] pelo facto de eu ter ido visitar, com muita regularidade, empresas, falado com o Conselho de Administração, falado com os delegados sindicais", disse Carlos Silva à Lusa.
Por isso, aconselhou aos sindicatos que queiram crescer a aposta no trabalho no terreno.
"Mas os sindicatos são poderosos enquanto o setor for pujante e enquanto tiver muitos trabalhadores", disse, lembrando a quebra verificada na Europa e nos Estados Unidos em setores tradicionalmente fortes, como o do automóvel.
Carlos Silva considerou que a crise do sindicalismo, com baixa do número de sindicalizados, afetou a generalidade dos países da Europa, devido à crise que afetou milhões de pessoas, que gerou desemprego e emigração, "que põe em causa a própria vivência sindical".
O secretário-geral da UGT lembrou que em Portugal existem pouco mais que um milhão de sindicalizados e considerou que isso se deve ao facto de o tecido empresarial português ser maioritariamente constituído por micro e pequenas empresas, onde é difícil os sindicatos entrarem.
Por isso, a taxa de sindicalização nunca ultrapassou os 22% ou 23% e, com os anos de crise, passou para os 17%, 18%, disse.
A individualização das relações laborais também tem contribuído para a redução da presença dos sindicatos que são um projeto coletivo, considerou.
Quando assumiu a liderança da UGT, Carlos Silva prometeu também, além do sindicalismo de bases, uma aproximação à sua congénere, a CGTP, mas reconhece os fracos resultados e assume a sua quota-parte de responsabilidade no falhanço.
"Não estou a dizer que a culpa é da outra central, também assumo a minha parte. Mas não é fácil trabalhar quando há ideias pré-concebidas em relação a determinadas matérias", disse.
Lembrou que, "apesar de todas as dificuldades, nos momentos-chave, o movimento sindical esteve unido em lutas setoriais", nomeadamente nos transportes, na administração pública e na educação.
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