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Salvador Sobral, o 'patinho feio' que promete brilhar na Eurovisão

O tema 'Amar pelos Dois' não gera consenso. Embora ninguém negue a qualidade da letra escrita por Luísa Sobral, muitos consideram que não é tema que se leve a um festival como o da Eurovisão. Contudo, em poucos dias, Salvador Sobral já conseguiu o que muito poucos conseguiram.

Notícias ao Minuto

08:40 - 11/03/17 por Andrea Pinto

País Festival

Foi em 2009, e perante Roberta Medina, Pedro Boucherie Mendes, Manuel Moura dos Santos e Laurent Filipe, que Salvador Sobral se apresentou ao público pela primeira vez. De t-shirt branca larga e andar descontraído, provavelmente a maioria dos que assistiam na altura ao programa Ídolos, na antena da SIC, apostava muito pouco no talento do jovem então com 19 anos.

Revelando um gosto musical diferente da maioria dos jovens da sua idade, Salvador deixava rendido os jurados do programa de talentos, que o fizeram esforçar-se para conseguir passar à próxima fase. Stevie Wonder, Ray Charles e Rui Veloso foram as suas escolhas na altura.

“Uma boa surpresa”. Foi desta forma que Moura dos Santos o elogiava, referindo que embora não tivesse “uma grande voz”, Salvador sabia usá-la.

E usou-a. Usou-a até chegar à fase das galas do programa. Salvador, com o seu jeito humilde, avançou no programa, em que brilhavam também nomes como Catarina Torres ou Filipe Pinto, tendo este último acabado por vencer. Salvador acabou por ser o quinto finalista do programa. Depois disso, desapareceu (para a maioria dos portugueses)... até agora.

Festival da Canção faz (re)nascer um talento escondido

Quando subiu ao palco do Festival Eurovisão para cantar o tema 'Amar pelos Dois', muitos não terão reconhecido Salvador. O jeito desajeitado mantém-se, mas os cabelos longos presos num apanhado e a barba comprida, escondem o rosto que muitos portugueses viam aos domingo à noite na SIC, em 2009.

O tema, uma balada escrita pela sua irmã, a também cantora Luísa Sobral, deixou muitos de pé atrás. As criticas fizeram-se ouvir por parte dos fãs da Eurovisão, que voltavam a criticar a produção por tentar levar à Ucrânia um tema triste e melancólico, que muito contrasta com os temas alegres e vibrantes que costumam vencer a competição.

Salvador Sobral acabou por levar a melhor e foi mesmo o escolhido para rumar a Kiev com um tema que muitos classificam de brilhante, mas não o suficiente para um festival deste género.

Uma canção com "qualidade" mas pouco "festivaleira"

Mas é aqui que começa o outro lado da polémica. Não só de críticas negativas se faz, atualmente, a popularidade de Salvador Sobral. 

"Os grandes intérpretes conseguem partilhar as emoções e, quando não as sentem, inventam-nas de maneira convincente. É ao partilhá-las através da empatia fascinada do público que começam deveras a senti-las e a torná-las cada vez mais intímas", escreveu Miguel Esteves Cardoso na sua crónica no jornal Público, fazendo saber que não é de agora que ouve com alegria o jovem a cantar.

A opinião é partilhada por tantos outros, que admitem ser a mais bela música do concurso, apesar de não ser "festivaleira".

"A canção vencedora do festival da canção é uma maravilha, dispensou tudo quanto há de adorno flamejante ao estilo programa Ídolos e chegou até nós, curiosamente, pelas mãos de dois ex-concorrentes que o programa Ídolos precocemente dispensou", escreveu o também cantor Miguel Araújo nas redes sociais. Nuno Markl, que era jurado no programa, decidiu também dar a cara ewm defesa do vencedor. 

O Salvador 'Adorável' que já conquistou cá dentro... e lá fora

Nas redes sociais nasceu uma hashtag em sua defesa, o #salvadorable e ao contrário dos mais céticos, Salvador Sobral conseguiu aquilo que nenhum outro concorrente português havia conseguido até ao momento: ocupa já o quinto lugar no ranking de apostas do vencedor da Eurovisão. Além disso, o seu disco de estreia - 'Excuse Me' - está no top de vendas do iTunes.

Definido como um jovem Frank Sinatra, Salvador Sobral até pode não chegar longe na final da Eurovisão, mas certo é que há já muito tempo que um tema do concurso não era tão badalado.

Já com um lugar garantido na final, nada irá agora parar o jovem intérprete. Se nem a doença - uma hérnia no umbigo - o impediu de subir ao palco e vencer por cá, não serão com certeza as criticas que o demoverão. Peculiar? Sim. Mas a sua música, dizem os apreciadores, será aquela que, "pela primeira vez em muitos anos", permitirá a Portugal apresentar um tema "de grande qualidade musical" no Festival Eurovisão da Canção.

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