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Investigadores querem cidadãos a colaborar em estudo sobre cegonhas

O responsável pela Cátedra REN em Biodiversidade disse hoje no Porto que irá solicitar, na "próxima primavera" a contribuição de cidadãos, em particular dos técnicos da Rede Elétrica Nacional (REN), na recolha de informação relacionada com a população de cegonhas.

Investigadores querem cidadãos a colaborar em estudo sobre cegonhas
Notícias ao Minuto

13:45 - 23/02/17 por Lusa

País Biodiversidade

"Uma das coisas que vamos fazer é, na próxima primavera, pedir às pessoas para encontrarem cegonhas bebés em ninhos de cegonha", afirmou Francisco Moreira, que hoje fez a apresentação do trabalho desenvolvido no primeiro ano da cátedra, que é uma iniciativa da REN com a Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e o Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos da Universidade do Porto (CIBIO-InBIO).

Segundo Francisco Moreira, investigador do CIBIO-InBIO, as cegonhas são uma das espécies que estão a ser estudadas.

"Interessa-nos caracterizar qual é a produtividade e perceber se essa produtividade é diferente conforme a cegonha tenha construído o ninho numa chaminé, num poste de linha elétrico ou num outro tipo de poste", esclareceu, em declarações à Lusa.

O investigador referiu que, atualmente, "25% da população portuguesa de cegonhas constrói os seus ninhos nos postes de eletricidade".

"Estamos a tentar perceber quais são as consequências dessa alteração comportamental [troca das chaminés pelos postes de eletricidade). Quais são os prós e os contras dessa decisão e, por outro lado, do ponto de vista da empresa, compreender qual é a probabilidade de um dado poste colocado num determinado sítio ser utilizado pelas cegonhas", disse.

Os investigadores, que hoje apresentaram os primeiros resultados num simpósio realizado na Fundação de Serralves, querem compreender "o que é que faz com que uma cegonha escolha um poste elétrico para construir o seu ninho", e já perceberam que "um dos fatores que contribuem para essa decisão é a distância das principais fontes de alimento, em particular os arrozais".

"Mas também há características dos próprios postes elétricos, como, por exemplo, há quanto tempo foram colocados. Isso também influencia a sua utilização", sublinhou.

Do ponto de vista da ciência, esta linha de investigação permite "compreender como é que as cegonhas fazem os seus processos de decisão e, do ponto de vista da empresa, permite-lhe saber qual a probabilidade de os postes poderem ter um grande potencial para ser atrativos. Neste caso, a própria empresa pode disponibilizar plataformas para que as cegonhas construam os ninhos e desta forma evitar que elas o façam nos sítios mais perigosos, do ponto de vista de curto-circuito, por exemplo", acrescentou.

Em declarações à Lusa, Francisco Parada, da REN, disse que neste primeiro ano da cátedra foram "identificadas as principais linhas de atuação para o próximo ano e os benefícios que se esperam".

"Estão identificadas situações que potencialmente originarão algumas alterações de práticas e procedimentos. Era um dos benefícios que esperávamos", disse, referindo que alguns desses benefícios estão relacionados com "a seleção que algumas espécies, neste caso a cegonha branca, faz nos nossos apoios, o que poderá motivar ou não alterações ao nível do projeto de construção ou da manutenção".

A avaliação e monitorização dos impactes de redes de transporte de energia sobre a biodiversidade, com particular atenção para as linhas elétricas, a análise das respostas demográficas de espécies sujeitas a mortalidade não natural e a cidadania na ciência (Citizen Science), pilares da Cátedra, estiveram em análise neste encontro.

Neste simpósio, as soluções, estratégias e técnicas que salvaguardem a preservação da biodiversidade estiveram também em destaque, através da palestra "Soluções de distribuição de energia: Equilíbrio entre Conservação e Desenvolvimento Global", dada pelo cientista americano Joseph Kiesecker, da The Nature Conservancy.

Fundada em 2016, a Cátedra REN em Biodiversidade, que tem uma duração de três anos e um financiamento de 480 mil euros (75% REN e 25% FCT) tem como objetivo criar uma rede inovadora e integrada de pesquisa, transferência de conhecimento, investigação e divulgação científica nos diferentes domínios da biodiversidade, contribuindo para a sua preservação.

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