A ANA - Aeroportos de Portugal, adquirida pelo grupo francês Vinci, prevê no seu plano de expansão do aeroporto de Lisboa o encerramento da pista 17/35 para aí instalar um 'hub' (plataforma giratória de voos) e aumentar a capacidade de parqueamento de aviões, confirmaram à agência Lusa os pilotos e fontes ligadas ao processo.
"No que concerne ao Aeroporto do Montijo vir a ser um complemento ao Aeroporto Humberto Delgado, a direção da APPLA manifestou a sua preocupação com o facto de esta situação poder a levar a um eventual encerramento da pista 17/35 do Aeroporto de Lisboa", referem os pilotos num comunicado divulgado hoje.
Em causa está o facto de a pista 17/35 ser a mais indicada para aterrar, por razões de segurança, "entre três e quatro meses do ano", devido a ventos fortes que causam 'windshear' (rápida variação na direção e/ou na velocidade do vento), conforme já tinha explicado à agência Lusa o presidente da APPLA, Miguel Silveira.
Isto significa que, caso se concretize a desativação da pista 17/35 do aeroporto de Lisboa, durante três a quatro meses do ano, os aviões de longo curso não poderão aterrar no Montijo e terão de divergir para um aeroporto alternativo, sendo os mais próximos Porto ou Faro.
A associação também se mostra preocupada com "o comprimento e resistência da pista 19/01 deste aeroporto, bem como a inexistência de ajudas rádio adequadas à operação de voos comerciais e a presença de pássaros no estuário do Rio Tejo junto aos setores de descolagem e de aterragem do Aeroporto do Montijo".
"Tudo isto leva a APPLA a considerar que no momento presente este aeroporto [do Montijo] não constitui uma alternativa como complemento ao Aeroporto de Lisboa, a menos que profundas alterações sejam discutidas, planeadas e executadas entre os diferentes 'stakeholders' [intervenientes] do setor", consideram os pilotos.
A direção da associação lamenta ainda que "altos responsáveis do setor do transporte aéreo venham apenas discutindo questões do foro económico-financeiro, em detrimento do que mais interessa: a segurança de todos os que participam e utilizam o transporte aéreo" e alerta para que "não pactuará com qualquer medida que diminua e/ou não consiga mitigar os riscos de segurança inerentes a este projeto e que não possam/devam ser aceites".