Meteorologia

  • 19 ABRIL 2024
Tempo
15º
MIN 14º MÁX 21º

Migrações: Discurso da segurança "não pode ser o único"

O sociólogo Pedro Góis compreende a sobreposição do discurso da segurança na análise dos fluxos migratórios, mas sublinha que "não pode ser o único", porque a Europa assenta numa "ideia de diversidade".

Migrações: Discurso da segurança "não pode ser o único"
Notícias ao Minuto

09:35 - 28/01/17 por Lusa

País Pedro Góis

Em entrevista à Lusa, no final de uma visita a Bruxelas organizada pelas representações das instituições europeias em Portugal, o especialista em migrações, investigador no Centro de Estudos Sociais de Coimbra, recorda que o discurso securitário "já existe na Europa há uns anos" e "é natural que se sobreponha", porque as estruturas de segurança estão "mais integradas" e coordenadas entre si, "ao contrário das estruturas de integração", que estão nas mãos de cada Estado-membro da União Europeia.

O discurso da segurança "não pode é ser o único", sublinha, acrescentando que tem de se "construir o discurso da integração pela positiva", ao mesmo tempo.

"Todas as pessoas são integráveis, embora alguns exijam um esforço maior de parte a parte", acredita Pedro Góis. "Recuso totalmente a ideia de que os refugiados sejam seres que seremos incapazes de integrar na ideia de Europa. A ideia de Europa é uma ideia de diversidade", sustenta.

É por isso que Pedro Góis -- um dos quatro investigadores na área das migrações que acompanharam a visita organizada para jornalistas portugueses - considera que "a perspetiva europeia é muito importante", pois releva da "necessidade" de "um olhar mais macro" para o problema.

O sociólogo -- que lidera atualmente um projeto a longo prazo sobre refugiados, que faz o acompanhamento de boas práticas e tenta manter o tema nas agendas políticas -- não observa propriamente um impasse, ainda que seja "lento" o tempo das decisões na Europa. "Os problemas continuam a chegar... Já temos novos problemas e ainda não resolvemos os problemas passados, porque ainda não chegou o tempo dessas decisões", realça.

Mas "a Europa precisa desse tempo", admite, dando os exemplos das convenções de Dublin e de Genebra, pensadas para refugiados a nível individual e não para grandes grupos.

Essas convenções "não estão, nitidamente", a funcionar "em plenitude", mas tal não deve justificar o seu fim. "Não é pondo em causa uma convenção que faz sentido que encontramos uma solução para este novo problema. Acabamos por arranjar um novo problema se destruirmos o que temos", alerta.

Recomendados para si

;
Campo obrigatório