"Namoro Putin-Trump" pode ser bom para segurança mundial
Os generais Carlos Branco (Exército) e Luís Araújo (Força Aérea) coincidiram hoje na ideia de que uma aliança entre Donald Trump e a Rússia tem consequências benéficas para o equilíbrio geoestratégico mundial.
© Getty Images
País General
"Trump deve ter pensado que é mais interessante ter a Rússia do seu lado do que do lado da China. É uma jogada interessante e inteligente", defendeu hoje em Lisboa o general Carlos Branco, que falava numa conferência na Universidade de Lisboa.
Para o major-general, o facto de a Rússia de Vladimir Putin se ter aliado à China para bloquear um projeto de mísseis balísticos [impulsionado pela administração norte-americana] "só comprova o acerto de ter a Rússia do lado dos Estados Unidos e não da China".
Na mesma conferência, o antigo Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas Luís Araújo afirmou que "é público o namoro Putin-Trump", mas salientou que "esta lua de mel não é a primeira vez que acontece na história".
"Não é uma aproximação necessariamente má. O futuro presidente dos EUA está interessado em ter relações com a Rússia em áreas comuns e isso é bom pelos seguintes motivos: combate ao terrorismo internacional, controlo das armas nucleares e resolução do doloroso conflito na Síria", disse o general da Força Aérea.
"Isto é bom!", realçou o general, explicando que a Rússia, "a nível internacional, apenas quer manter a sua influência sobre o Mar Negro, o Mar Cáspio e o Báltico".
Para o general Luís Araújo, "este namoro Trump-Putin daria uma certa segurança ao mundo se durasse algum tempo".
O general Carlos Branco considerou mesmo que "a eleição de Donald Trump de modo nenhum vai aumentar o risco de uma confrontação nuclear".
"Com Hillary essa hipótese estaria mais em cima da mesa e a NATO também não está em maior risco de desaparecer", disse o general, explicando que a análise do momento "não se pode limitar aos tweets" do presidente eleito.
Mais acertado, disse, é olhar para as audições dos responsáveis escolhidos por Trump para as pastas da Defesa e dos Negócios Estrangeiros, que mostraram vozes "em profunda contradição com Donald Trump".
"E o pensamento dele está escrito. É o pensamento da Heritage Foundation, da qual provêm muitos elementos da futura administração", sublinhou Carlos Branco.
O general Luís Araújo considerou, por outro lado, que os Estados Unidos precisam tanto da NATO como a NATO dos Estados Unidos, mas sublinhou que Trump "é protecionista no que diz respeito às questões económicas, financeiras" e "unilateralista no que diz respeito ao uso da força no exterior".
"Com ele acabaram as Somálias do inicio dos anos 1990 e as Bósnias-Herzgovinas do fim dos anos 1990. Trump não excluirá coligações de vontade, de acordo com os interesses das nações que as constituem, mas sempre caso a caso", concluiu.
Sobre o papel da NATO, disse o general, "Trump vai aumentar muito a pressão para que as nações aliadas na NATO participem mais financeiramente".
"Ou seja, não vai pagar a Defesa de ninguém", afirmou.
Donald Trump tomou hoje posse como o 45.º presidente dos Estados Unidos.
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