Investigadores reclamam frente ao Parlamento estabilidade nas carreiras
Cerca de 60 investigadores científicos reclamaram hoje frente ao parlamento alterações na legislação do emprego científico, que consideram contribuir para a sua precariedade laboral, apesar de resolver a falta de benefícios sociais.
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País Protestos
Em frente à escadaria da Assembleia da República, o antropólogo Paulo Granjo afirmou que resolver o problema da falta de acesso à segurança social para os bolseiros foi "um avanço importante mas insuficiente".
"O decreto-lei tem uma série de problemas que têm que ser resolvidos, senão cria uma situação caótica no sistema científico nacional", disse à agência Lusa, pouco antes de entrar para o hemiciclo, onde hoje se discutirão dois pedidos de apreciação parlamentar em que o Bloco de Esquerda e o PCP sugerem alterações.
O deputado bloquista Luís Monteiro, que se encontrou com os investigadores em frente ao parlamento, disse à agência Lusa que "é inacreditável" que nenhuma associação de bolseiros esteja de acordo com o diploma.
"A lógica não pode ser trocar bolsas precárias por contratos de trabalho precários", argumentou, defendendo que o sentido da lei seja promover a entrada "nas carreiras de investigação científica".
Luís Monteiro declarou que "é óbvio que o PS tem responsabilidade acrescida nesta matéria e não pode continuar a argumentar que quer combater a precariedade dando contratos a prazo e precários", e considerou que a aprovação das alterações sugeridas "depende do bom senso e da possibilidade de o PS e a própria direita serem congruentes".
A química Ana Petronilho lamentou a "situação caricata" de o contrato a prazo que visa substituir a bolsa fazer "tábua rasa" do percurso até então feito, privando pessoas que chefiam equipas de investigação de continuarem com essas responsabilidades a meio dos projetos, porque os contratos acabam.
A socióloga Mónica Truninger, disse à Lusa que só "com uma paixão enorme" pela ciência é que se tolera "12 anos a fazer investigação para depois descer na categoria e no nível salarial".
Os investigadores querem garantir lugares efetivos para investigadores nas instituições, garantir a equidade no acesso aos concursos e manutenção dos rendimentos.
Entre os mais de 400 signatários do Manifesto para uma ciência com futuro e direitos estão nomes como o do ex-reitor da Universidade de Lisboa e candidato presidencial António Sampaio da Nóvoa, o historiador José Mattoso, o sociólogo e ex-deputado eleito pelo PS Miguel Vale de Almeida ou o economista José Castro Caldas.
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