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Menos aves no inverno?Ou há mudanças no clima ou problemas de conservação

Algumas populações de aves que passam o inverno em Portugal estão a diminuir, o que pode dever-se às alterações climáticas, mas também pode significar problemas de conservação das espécies, disse hoje um especialista.

Menos aves no inverno?Ou há mudanças no clima ou problemas de conservação
Notícias ao Minuto

17:39 - 12/01/17 por Lusa

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"Temos situações de espécies que estão a diminuir ao longo do tempo em Portugal, durante o inverno, como o abibe ou a tarambola dourada, mas não necessariamente porque as suas populações estão a diminuir", explicou à Lusa o diretor executivo da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), Domingos Leitão.

Estas aves nidificam no norte da Europa e o rigor dos invernos obrigava a irem para sul, para climas mais amenos.

Embora haja variações, verifica-se "tendência para que os invernos sejam menos rigorosos em termos de temperatura", referiu Domingos Leitão.

O facto de ao longo dos últimos 10 anos, em média, o número de abibes e tarambolas douradas ser cada vez mais pequeno em Portugal "é principalmente porque vão ficando cada vez mais a norte porque o inverno é menos rigoroso o que permite a sua sobrevivência" nessas regiões.

Para outras espécies, a situação é diferente e, por exemplo, o tartaranhão azulado ou o esmerilhão, "são aves de rapina cujas populações têm estado a diminuir", o que em Portugal se deve "aos invernos menos rigorosos, mas também à redução da população", avançou o especialista.

A pompa é um exemplo apontado de uma espécie cuja presença está a aumentar, tem populações nidificantes estáveis, mas "durante o inverno cada vez há mais indivíduos", porque antes não passava o inverno em Portugal, mas sim em África.

Este conhecimento é possível através da análise dos dados obtidos com o programa de contagem de aves desenvolvido pela SPEA, que integra vários projetos, como aquele que se realiza no Natal e Ano Novo ou o 'Arenaria', de censos de aves costeiras, iniciativas que dependem da participação de voluntários.

Nos últimos três anos, devido à crise económica, com a menor disponibilidade dos voluntários, nomeadamente para suportar os custos das deslocações, "houve alguma redução do número de pessoas envolvidas nestes programas", referiu Domingos Leitão.

Mas, alertou, "estas iniciativas dependem dos voluntários que fazem uma parte do censo e sem eles não seria possível ter programas tão vastos no território nacional".

Por isso, a SPEA está a incentivar a participar de voluntários, até porque Portugal tem cada vez mais pessoas a observar aves.

Atualmente, a SPEA tem tem cerca de 1.000 pessoas a colaborar nos projetos de monitorização, todo o ano, mas já foram 1.500.

O conjunto de projetos que monitorizam anualmente as populações de determinadas espécies é decisivo para ter uma comparação entre anos, perceber como estão a evoluir e identificar as situações problemáticas, nomeadamente aquelas que estão a diminuir.

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