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IPO desenvolve sistema que adequa custos aos benefícios para doentes

O Instituto Português de Oncologia do Porto desenvolveu um modelo de avaliação de tecnologias de saúde que visa assegurar que os recursos do sistema, nomeadamente, os financeiros, proporcionam o máximo de benefícios para a saúde.

IPO desenvolve sistema que adequa custos aos benefícios para doentes
Notícias ao Minuto

14:03 - 02/12/16 por Lusa

País Porto

O modelo Cancer Value Label permite, por exemplo, verificar "como é que um medicamento se comporta em determinadas dimensões, nomeadamente na que se relaciona com a questão da qualidade de vida, e depois comparar os resultados com o preço", disse hoje à Lusa, Rocha Gonçalves, vogal do conselho de administração do IPO-Porto e responsável pelo projeto.

"Temos de ter a capacidade de olhar para uma tecnologia e dizer quais são as dimensões em que esta tecnologia faz verdadeira diferença e sabemos depois quanto mais em euros é que nos estão a pedir por aquele resultado na qualidade de vida do doente", sustentou.

De acordo com Rocha Gonçalves, este modelo "é inovador, desde logo, porque não existia até agora nenhum modelo de avaliação de tecnologias da saúde 100% português. Isto é uma satisfação para nós, termos conseguido produzir o primeiro e por outro lado é inovador porque incorpora dimensões de valor acrescentado que os modelos que estão em uso ainda não incorporam".

O modelo português foi certificado e publicado por uma das maiores plataformas globais de informação científica em cancro, a revista Ecancer Medical Sciense. Este reconhecimento permite que o modelo do IPO-Porto possa ser usado por qualquer instituição, pública ou privada, nacional ou internacional, a par dos modelos já existentes de entidades europeias.

"O que este modelo faz, porque permite diálogo com as farmacêuticas, é que haja proporcionalidade. Quando nos dão um medicamento que oferece mais 20% de qualquer coisa, seja de qualidade de vida, seja de anos, não é lógico que nos peçam mais 200% de preço. Se compramos mais 20% de resultado, pagamos mais 20% de preço. Esta lógica de proporcionalidade tem de ser observada porque senão estamos a pagar o preço dos monopólios e não a pagar o preço dos resultados que estamos a comprar", frisou.

Com este modelo, sublinha Rocha Gonçalves, "fica clarinho se há ou não proporcionalidade. Se nos aparecem com outra métrica, que é a dos 50 mil euros por ano de vida, eu não consigo dizer se existe proporcionalidade ou não. É uma métrica que se estabeleceu há muitos anos quando as maneiras de fazer as contas eram umas, agora é possível incorporar mais dimensões e é possível ter um diálogo que saia dessa armadilha comunicacional dos euros por ano de vida".

"É uma armadilha onde eu não quero estar, nem eu, nem quem está a vender tecnologia, porque as pessoas não são vendedores de almas. Temos de estabelecer critérios relativos a resultados para os doentes, quanto menos de dor, numa escala internacionalmente aprovada, ou quanto mais de diminuição da depressão que está associada à doença principal, numa escala também internacionalmente aprovada, por exemplo", acrescentou.

Combinando tudo, frisou Rocha Gonçalves, "pode dizer-se que se melhora 20% dos indicadores, é justo eu ir até mais 20% no preço. Temos de ter no mesmo mapa uma coluna com os resultados, hierarquizados, uma outra com os custos e depois comparar. Frequentemente temos opções que nos garantem bons resultados e que são, ao mesmo tempo, as mais baratas".

O IPO-Porto pretende "por um lado garantir que os tratamentos que são necessários chegam aos doentes, e por outro lado otimizar as suas possibilidades orçamentais".

"Parte dessa otimização, ou o segredo da mesma, está na boa negociação com os fornecedores", disse ainda o responsável pelo modelo Cancer Value label (CAVALA).

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