Novo presidente da Académica quer que se discuta o fim das propinas
O próximo presidente da Associação Académica de Coimbra (AAC), eleito com mais de 80% dos votos, considera que o atual contexto político em Portugal é "favorável" a uma discussão em torno do fim das propinas no ensino superior.
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País Coimbra
A aprovação da suspensão da atualização das propinas no ensino superior, por parte do parlamento, permite ao presidente eleito da AAC, Alexandre Amado, dizer que o atual contexto político é, "definitivamente, um bom momento" para se discutir o fim das propinas.
"À partida, este é o contexto político mais favorável a esse debate de todos os governos anteriores que temos tido, pelo menos, desde que eu sou nascido. Há um contexto para se iniciar a discussão", afirmou à agência Lusa Alexandre Amado, estudante de 23 anos que venceu as eleições realizadas na segunda e na terça-feira, para a liderança da mais antiga associação de estudantes do país.
A Assembleia da República (AR), ao suspender a atualização das propinas, está também a "suspender a eficácia do regime da Lei de Bases de Financiamento [do Ensino Superior]", nota o presidente eleito.
"Isto significa que o normal funcionamento [da Lei de Bases] prejudicaria gravemente as famílias e os estudantes e teria prejuízos de ordem social. Se há necessidade de suspender a eficácia do regime, é lógico que, no mínimo, o regime tem de ser discutido e revisto", sustenta.
Para Alexandre Amado, a revisão "terá de ser no sentido da redução gradual da propina, da sua abolição".
"A única forma de agir com coerência com a ação da Assembleia da República é iniciar o processo de revisão", sublinhou, considerando que não o fazer seria "um contrassenso".
De acordo com o estudante de Direito, a propina, "enquanto instrumento de financiamento" das instituições do ensino superior, "é errada", sendo que a formação superior da população é um serviço público que não deve ser "cobrado aos estudantes e famílias".
"Vamos lutar para acabar com a propina", asseverou, frisando que a discussão tem de começar.
Para além desta "bandeira", a sua direção-geral, que deverá tomar posse em janeiro, pretende também "fazer valer" a voz dos estudantes relativamente à passagem da Universidade de Coimbra a fundação (sobre a qual é contra) e garantir a revisão do Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior, nomeadamente para uma "maior representação dos estudantes" nos órgãos da universidade.
No entanto, para a defesa destas propostas, a AAC terá também de concretizar uma "reaproximação" à comunidade estudantil, constatou, considerando que uma maior participação dos alunos é "o grande desafio".
"É preciso criar um novo impulso de participação", disse, referindo que o seu mandato "será bem-sucedido" se se garantir uma maior mobilização e consciencialização dos estudantes.
De acordo com Alexandre Amado, nos últimos tempos, a AAC dedicou-se muito ao "trabalho mais técnico e de estudo", sendo necessário agora levar a discussão "para os corredores das faculdades".
"É preciso colocar os debates nas faculdades. Há que assumir uma campanha, como foi feito [nos protestos das propinas] nos anos 1990", sublinhou.
Alexandre Amado, vice-presidente na direção-geral cessante, sucede a José Dias, depois de ter sido eleito com 4.143 votos (86,9%), com a outra lista candidata, lista A (Até Quanto), a contabilizar 460 votos (9,7%).
A abstenção nestas eleições rondou os 75%.
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