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Comandos: Entraram acusados de "ódio", saíram calados. E em liberdade

Foram esta sexta feira ouvidos em tribunal mas pouco, ou nada, quiseram dizer. Os sete militares detidos no caso que investiga a morte de dois alunos do curso de comandos vão aguardar acusação em liberdade.

Comandos: Entraram acusados de "ódio", saíram calados. E em liberdade
Notícias ao Minuto

09:25 - 19/11/16 por Carolina Rico

País Julgamento

Os sete militares detidos, cinco oficiais e dois sargentos, foram ontem ouvidos em primeiro interrogatório judicial sobre a morte de dois instruendos do 127.º Curso de Comandos.

Apenas um dos arguidos falou perante a juíza, os restantes permaneceram em silêncio, contou aos jornalistas Alexandre Lafayette, advogado do tenente-coronel Mário Maia, a patente mais elevada entre os arguidos.

“Nenhum de nós gosta de ver um camarada morrer”, disse o advogado, que também cumpriu serviço militar, mas o seu cliente, garante, “sempre esteve [de consciência tranquila]”.

O pedido de Habeas Corpus a pedir a libertação imediata dos militares entregue antes da audição pelo advogado Varela de Matos no Supremo Tribunal de Justiça foi recusado, mas não foi preciso para evitar, que, para já, houvesse ordem de prisão.

Todos os militares saíram em liberdade, com termo de identidade e residência. A decisão é da juíza de instrução, depois de a procuradora do DIAP de Lisboa não ter pedido prisão preventiva. 

Dos sete, apenas o médico, Miguel Onofre Damaia Domingues, recebeu uma medida de coação mais gravosa, estando por enquanto suspenso de exercer a atividade tanto nas Forças Armadas como noutras unidades de saúde.

Os militares “são suspeitos da prática de crimes de abuso de autoridade por ofensa à integridade física” e as investigações prosseguem para se perceber se estarão também em causa “crimes de omissão de auxílio” na morte de Hugo Abreu e Dylan da Silva.

Segundo vários relatos, Hugo Abreu, o jovem que se sentiu mal durante um curso dos Comandos, não terá sido assistido de imediato. Foi o primeiro de dois militares a morrer após o treino num dia de calor intenso, 4 de setembro, na região de Alcochete.

Fontes anónimas ligadas ao curso disseram que o jovem foi forçado a comer terra quando já estava no chão a sofrer convulsões e quase inconsciente, e que não lhe foi dada água porque os militares em treino só podem beber com ordem de um instrutor.

Os motivos terão levado o Ministério Público a dizer num despacho que os militares detidos teriam agido "movidos por ódio patológico e irracional”.

O porta-voz do Exército recusou comentar esta declaração, referindo que “nas fichas do curso, ‘ódio’ nunca é uma palavra referida”. Defendeu, por outro lado, a metodologia utilizada nos cursos dos Comandos, argumentando que é necessário simular situações de stress reais em treino.

“É natural que num curso haja uma componente teatral, uma componente de cenário que é montado para fazer com que, não estando em situação real, tenhamos de fazer crer”, disse o tenente Coronel Vicente Pereira em entrevista à SIC Notícias.

A investigação prossegue no Departamento de Investigação e Ação penal de Lisboa, o Ministério Público é coadjuvado pela Polícia Judiciária Militar.

Enquanto Comandante Supremo das Forças Armadas, o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa pediu uma "escrupulosa colaboração" por parte das Forças Armadas  à investigação judicial.

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